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Tempestades em Macau

Guilherme Rego*

O tufão Saola era para ser dos piores a passar por Macau nos últimos anos. Enquanto tudo aparenta ter corrido bem, há que perceber que o futuro traz mais desafios e exige-se maior ação por parte do Governo na prevenção de estragos maiores a longo prazo. O aviso foi dado com antecedência e as autoridades preparam-se devidamente. As pessoas fecharam-se em casa e as empresas, incluindo os casinos, pararam a atividade – respeitando os despachos do Governo. A mobilidade dos transportes e pessoas também foi congelada até o tufão sair do raio da cidade. No fim, os estragos foram mínimos. A displicência aquando do tufão Hato foi uma anomalia e não se vai repetir.

Dizem os peritos que o aquecimento global vem agravar os fenómenos climatéricos adversos. Como tal, no futuro, haverá mais tufões e estes serão também mais fortes. Macau, como cidade costeira, não tem como evitar esse infortúnio. Mas a segurança que mostrou até agora não pode trazer qualquer tipo de conforto para o que se avizinha. Continuamos a testemunhar um verdadeiro “assalto” aos supermercados, com vários residentes a queixarem-se de que não têm acesso ao cabaz básico. Na proteção das casas, muitos não protegem as janelas e, nas redes sociais, torna-se evidente que muitos não percebem qual é a utilidade da fita adesiva. Ainda falta civismo e educação sobre como a população se deve preparar coletivamente para enfrentar os tufões. O Governo, vendo estes sinais, tem de agir. A educação começa nas escolas, mas é contínua. Tem de haver mais cuidados na promoção da segurança durante os tufões. É também importante que se arranje forma de precaver a falta de produtos alimentares ou de higiene no período que antecede o tufão. Há que soar o alarme sem causar pânico.

Por outro lado, é preciso pensar sobre o estrago que a recorrência de tufões de igual ou maior magnitude podem ter em Macau. Se a atividade económica praticamente cessa, então as famílias serão cada vez mais prejudicadas por fenómenos fora do seu controlo. O Governo também não tem culpa destas adversidades, tal como não teve durante a pandemia. Contudo, a sua responsabilidade é proteger as pessoas, e esse desígnio não se deve limitar à segurança da população durante a tempestade. Se há lição que ficou destes últimos três anos é que tem de haver um plano concreto para quando o vento dissipa.

*Diretor-Executivo do PLATAFORMA

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