– Esteve recentemente em Macau e no interior da China. Algumas novidades em termos de parcerias entre o CCCM e instituições na região?
Carmen Mendes – Vim a Pequim, Wuhan e Xangai para participar no programa European Science and Technology Management Personnel Visit, do Ministério da Ciência e da Tecnologia da China. A participação neste programa tem permitido, não só estreitar relações com instituições chinesas, como também com os delegados das restantes instituições europeias aqui representadas.
“O outro objetivo da minha visita a Macau foi procurar novas parcerias com instituições com as quais ainda não trabalhamos, como é o caso do BNU – Grupo CGD”
Quis passar por Macau antes de ir a Pequim, para reunir com várias pessoas, no sentido de estreitar as relações com as instituições com as quais já trabalhamos, incluindo o Instituto Cultural da RAEM, o Instituto Internacional de Macau, o Instituto Português do Oriente, a Universidade de Macau, a Universidade de São José e o Instituto de Estudos Europeus. As colaborações do CCCM com estas instituições são muitíssimo variadas, desde a organização de exposições, projetos conjuntos e até acolhimento de estagiários no CCCM. O outro objetivo da minha visita a Macau foi procurar novas parcerias com instituições com as quais ainda não trabalhamos, como é o caso do BNU – Grupo CGD.
– Que projetos futuros podemos esperar do CCCM? Algumas pesquisas em curso que gostasse de destacar?
C.M. – Há investigação em curso sobre os Jesuítas, dinastias Ming e Qing, essencialmente centradas na sua dimensão cultural e material, Álvaro Semedo e a sua obra, o estudo inicial da língua chinesa pelos europeus, os procuradores jesuítas e os fluxos globais. Além disso, desenvolvemos estudos sobre a identidade de Macau, que passam pela investigação relativa à língua minoritária do Patuá, investigação sobre cultura, tradução e ensino da língua chinesa. Continuamos a trabalhar com a Universidade de Salamanca sobre o sistema educativo chinês.
“O objetivo é criar uma rede de bibliotecas, arquivos e centros de documentação [sobre os contactos de
Portugal com a Ásia desde o séc. XVI até meados da década de 1950]”
De grande importância é também o projeto ReConnect China, com financiamento do programa europeu Horizon2020, que aborda áreas como ciência e tecnologia, economia e e comércio, governação e política externa. O objetivo é compreender os domínios em que a colaboração entre a Europa e a China são possíveis e desejáveis. Esperamos começar a divulgar resultados daqui a um ano. O projeto junta 15 parceiros internacionais para além do CCCM.
Procuramos envolver os nossos doutorandos nos vários projetos em curso e- dar visibilidade ao seu trabalho, nomeadamente durante as Conferências de Primavera que organizamos anualmente. Já estamos a preparar a edição de 2024. Temos estado a receber propostas para a apresentação de comunicações, incluindo de investigadores que residem em Macau, à semelhança, aliás, do que aconteceu nos anos anteriores.
“Neste momento, podem já ser consultados mais de 29.000 registos de documentos de diversas instituições
[no Portuguese Asian Digital Archive Network].”
– A biblioteca do CCCM é a mais completa e atualizada sobre a China em todo o mundo lusófono. Existem alguns planos de cooperação com outras bibliotecas e arquivos para investigação e troca de documentos?
C.M. – A biblioteca do CCCM está envolvida num projeto de colaboração com várias entidades internacionais. A Portuguese Asian Digital Archive Network propõe-se a identificar conteúdos de repositórios, bibliotecas universitárias, municipais e de outras instituições que contenham fontes documentais, bem como publicações e material histórico relevante que retratem os contactos de Portugal com a Ásia desde o séc. XVI até meados da década de 1950. O objetivo é criar uma rede de bibliotecas, arquivos e centros de documentação com este tipo de material e que possa ser disponibilizado a investigadores e público no geral através de um arquivo digital.
Este é um importantíssimo projeto apoiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia que teve como parceiro desde a primeira hora a Universidade de Macau, havendo já protocolos com diversas outras instituições em Portugal e contactos com vista à assinatura de protocolos com outras entidades internacionais, em 2024. Neste momento, podem já ser consultados mais de 29.000 registos de documentos de diversas instituições.