Início » “Desenvolvemos estudos sobre a identidade de Macau, que passam pela investigação da língua minoritária do Patuá”

“Desenvolvemos estudos sobre a identidade de Macau, que passam pela investigação da língua minoritária do Patuá”

A biblioteca do Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM) está envolvida num projeto de colaboração com várias entidades internacionais para estabelecer um arquivo dos contactos de Portugal com a Ásia desde o Séc. XVI até meados da década de 1950. Numa entrevista ao PLATAFORMA após uma visita recente à RAEM e ao interior da China, a presidente do CCCM, Carmen Mendes, descreve os objetivos deste “importantíssimo” projeto e as atuais investigações em curso do centro estabelecido em Lisboa

Nelson Moura

– Esteve recentemente em Macau e no interior da China. Algumas novidades em termos de parcerias entre o CCCM e instituições na região?

Carmen Mendes – Vim a Pequim, Wuhan e Xangai para participar no programa European Science and Technology Management Personnel Visit, do Ministério da Ciência e da Tecnologia da China. A participação neste programa tem permitido, não só estreitar relações com instituições chinesas, como também com os delegados das restantes instituições europeias aqui representadas.

“O outro objetivo da minha visita a Macau foi procurar novas parcerias com instituições com as quais ainda não trabalhamos, como é o caso do BNU – Grupo CGD”

Quis passar por Macau antes de ir a Pequim, para reunir com várias pessoas, no sentido de estreitar as relações com as instituições com as quais já trabalhamos, incluindo o Instituto Cultural da RAEM, o Instituto Internacional de Macau, o Instituto Português do Oriente, a Universidade de Macau, a Universidade de São José e o Instituto de Estudos Europeus. As colaborações do CCCM com estas instituições são muitíssimo variadas, desde a organização de exposições, projetos conjuntos e até acolhimento de estagiários no CCCM. O outro objetivo da minha visita a Macau foi procurar novas parcerias com instituições com as quais ainda não trabalhamos, como é o caso do BNU – Grupo CGD.

– Que projetos futuros podemos esperar do CCCM? Algumas pesquisas em curso que gostasse de destacar?

C.M. – Há investigação em curso sobre os Jesuítas, dinastias Ming e Qing, essencialmente centradas na sua dimensão cultural e material, Álvaro Semedo e a sua obra, o estudo inicial da língua chinesa pelos europeus, os procuradores jesuítas e os fluxos globais. Além disso, desenvolvemos estudos sobre a identidade de Macau, que passam pela investigação relativa à língua minoritária do Patuá, investigação sobre cultura, tradução e ensino da língua chinesa. Continuamos a trabalhar com a Universidade de Salamanca sobre o sistema educativo chinês.

“O objetivo é criar uma rede de bibliotecas, arquivos e centros de documentação [sobre os contactos de
Portugal com a Ásia desde o séc. XVI até meados da década de 1950]”

De grande importância é também o projeto ReConnect China, com financiamento do programa europeu Horizon2020, que aborda áreas como ciência e tecnologia, economia e e comércio, governação e política externa. O objetivo é compreender os domínios em que a colaboração entre a Europa e a China são possíveis e desejáveis. Esperamos começar a divulgar resultados daqui a um ano. O projeto junta 15 parceiros internacionais para além do CCCM.

Procuramos envolver os nossos doutorandos nos vários projetos em curso e- dar visibilidade ao seu trabalho, nomeadamente durante as Conferências de Primavera que organizamos anualmente. Já estamos a preparar a edição de 2024. Temos estado a receber propostas para a apresentação de comunicações, incluindo de investigadores que residem em Macau, à semelhança, aliás, do que aconteceu nos anos anteriores.

“Neste momento, podem já ser consultados mais de 29.000 registos de documentos de diversas instituições
[no Portuguese Asian Digital Archive Network].”

– A biblioteca do CCCM é a mais completa e atualizada sobre a China em todo o mundo lusófono. Existem alguns planos de cooperação com outras bibliotecas e arquivos para investigação e troca de documentos?

C.M. – A biblioteca do CCCM está envolvida num projeto de colaboração com várias entidades internacionais. A Portuguese Asian Digital Archive Network propõe-se a identificar conteúdos de repositórios, bibliotecas universitárias, municipais e de outras instituições que contenham fontes documentais, bem como publicações e material histórico relevante que retratem os contactos de Portugal com a Ásia desde o séc. XVI até meados da década de 1950. O objetivo é criar uma rede de bibliotecas, arquivos e centros de documentação com este tipo de material e que possa ser disponibilizado a investigadores e público no geral através de um arquivo digital.

Este é um importantíssimo projeto apoiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia que teve como parceiro desde a primeira hora a Universidade de Macau, havendo já protocolos com diversas outras instituições em Portugal e contactos com vista à assinatura de protocolos com outras entidades internacionais, em 2024. Neste momento, podem já ser consultados mais de 29.000 registos de documentos de diversas instituições.

Contact Us

Generalist media, focusing on the relationship between Portuguese-speaking countries and China.

Plataforma Studio

Newsletter

Subscribe Plataforma Newsletter to keep up with everything!