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Até quando?

Guilherme RegoGuilherme Rego*
Guilherme Rego

A política de casos zero na China foi adaptada em agosto de 2021, com a chegada da variante Delta. Desde aí passou a ser “dinâmica”, apesar de muitos não compreenderem o que mudou. A prioridade passa por minimizar o impacto da pandemia na economia, sociedade e produção, ao mesmo tempo que se mantém uma prevenção efetiva e redução dos custos e período necessário para mitigar os surtos. Ou seja, tenta equilibrar a falta de tolerância ao vírus com a estabilidade socioeconómica da população.

Mas porque não optar por uma política de laissez-faire, como a maioria do mundo adotou? A China tem 1.4 mil milhões de habitantes, 517 milhões dos quais são menores ou idosos, sendo mais vulneráveis ao vírus. E os idosos continuam a ser um grupo que preocupa pela fraca adesão às vacinas. Um estudo do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças chinês determinou que caso se abandonasse a política atual, o país teria mais de 630 mil casos por semana, sendo que 22 mil seriam severos.

Importante destacar que este é o cenário “mais otimista”. Lembrar também que a China só tem 4,3 camas por cada 100 mil pessoas. A pressão no sistema de saúde seria enorme, bem como os custos associados ao tratamento.

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Embora se compreenda a decisão, a pergunta permanece a mesma: até quando? Infelizmente, continua a carecer de resposta, mas o caminho não está a ser trilhado pela primeira vez, há histórico que se pode analisar.

Em 2020, a OMS estimou que a China teve mais de 840 mil casos de tuberculose, sendo um dos países mais afetados por este vírus. Porém, em 2019, o sucesso no tratamento era de 94 por cento, com uma taxa de mortalidade de 2,2 por cada 100 mil habitantes. O combate à tuberculose é eficaz devido à alta taxa de vacinação, leque variado de tratamentos e isolamento detalhado e efetivo contra a doença.

Os recursos ainda escassos no tratamento da Covid-19, bem como a aparição constante de novas variantes – que em muito muda as medidas implementadas e a mitigação das cadeias de transmissão -, dificultam o caminho, mas não o travam. A China tem investido no desenvolvimento de medicamentos de via oral, sprays nasais, e tem constantemente otimizado as medidas de prevenção. A doença é nova e mutável, ainda há riscos que não se conseguem combater.

Lentamente, e Macau é exemplo disso, tem se relaxado as medidas anti-pandémicas e reforçado os mecanismos de prevenção e combate. Tudo indica que a tendência continuará a ser essa, mas a prioridade será sempre a preservação da vida e não do estilo de vida.

*Diretor-Executivo do PLATAFORMA

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