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As cinco virtudes do galo

Hoje é já o sétimo dia do ano novo do calendário tradicional chinês (lunar), dia também conhecido como Renri, e segundo este calendário lunar apenas após o primeiro dos 24 períodos solares (Lichun) é que entramos oficialmente no novo ano. Os chineses usam o calendário gregoriano há mais de um século, mas uma vez que mais de 60% da população da China ainda vive em zonas rurais, exercendo maioritariamente atividade agrícola, muitos ainda usam o calendário lunar, mais adequado à agricultura, não esquecendo ainda toda a sua tradição cultural milenar. Por esta razão, a China continental continua a usar os dois sistemas de calendarização. Embora assim seja, os dois sistemas não interferem um com o outro, e qualquer pessoa é capaz de escolher aquele mais adequado à situação. Devido aos 24 períodos solares, o calendário lunar adequa-se a um país tão geograficamente vasto como a China, e este é também um dos frutos da sabedoria dos nossos antepassados chineses. Para além disso, em 2016, os 24 períodos solares foram considerados Património Cultural Imaterial da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura.
Hoje é o primeiro período solar do ano do galo de fogo e a entrada oficial no novo ano do calendário lunar. Trata-se do ano do galo devido ao signo do zodíaco chinês associado ao ano, de acordo com a ordem estabelecida para os 12 signos. Segundo muitos astrólogos chineses, as pessoas do signo galo terão em 2017 o seu ben ming nian (ano do próprio signo), e existem quatro signos que nesse ano ofendem Tai Sui, o deus do ano. Esses signos são o rato, o coelho, o galo e o cão, existindo neste ano muitas más estrelas que os influenciam. Segundo as previsões para o campo profissional, as pessoas do signo rato devem este ano concentrar-se no trabalho, não interferindo nos assuntos dos outros; as pessoas do signo coelho terão percalços profissionais, devendo proceder com cuidado; as pessoas do signo cão deverão também ter cautela em todas as matérias, não tomando decisões impulsivas; e, por fim, as pessoas do signo galo terão em 2017 um ano pouco auspicioso e repleto de obstáculos.
Devemos ou não confiar nos astrólogos? As opiniões divergem. No entanto, focar o trabalho, não interferir nos assuntos alheios, proceder com cuidado e não tomar decisões impulsivas são conselhos que todos devemos aplicar às nossa vidas. Caso assim seja, acredito que a raiva de Tai Sui será apaziguada pela boa-fé de cada um.
Quando os astrólogos dizem que o ano do galo de fogo é um ano com muitas más estrelas, isso significa que se trata de um ano mau. Na verdade, 2017 já nos trouxe fortes fatores de incerteza, como as medidas do recém eleito Trump de anular o plano do seguro nacional de saúde, retirar o país da Parceria Transpacífico, construir uma parede na fronteira com o México e fazer o México pagar os seus custos, proibir cidadãos de países islâmicos de entrarem nos Estados Unidos, apoiar o desenvolvimento de armas nucleares pelo Japão e Coreia do Sul, colocando em causa uma política central numa altura em que a questão nuclear da Coreia do Norte ainda está por resolver, revelar a intenção de interferir no Mar do Leste da China e no Mar do Sul da China, entre outras. Para além disso, temos o início das negociações do Brexit, as eleições na França e Alemanha, a situação ainda caótica no Médio Oriente, a questão dos refugiados ou a situação política incerta no Gambia.
No entanto, o galo, que representa o presente ano, é elogiado pelos chineses pelas suas 5 virtudes: cultura, força, coragem, bondade e lealdade. Os chineses seguem estas cinco virtudes na sua conduta social, e acredito que o governo chinês conseguirá também através delas dissipar as más estrelas do ano do galo. A China possui mais de 5000 anos de densa cultura, com experiência em resolver matérias internacionais através da razão e diálogo. Em termos de desenvolvimento militar, a China já cresceu muito relativamente ao passado, e a valentia do Exército de Libertação do Povo também já foi reconhecida pela comunidade internacional. Em termos de bondade, com a iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota” do presidente Xi Jinping, o país foca o benefício mútuo e multilateral, sem quaisquer intenções de mero auto-benefício. Quanto à lealdade, a China enfatiza a credibilidade de uma nação, e todas as suas promessas serão cumpridas. Por isso, embora sejam muitas as más estrelas no ano do galo, acredito que ainda haverá luz no fundo do túnel.

DAVID Chan 

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