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Faz falta acreditar

Mudar, repensar, reconverter… Macau procura a palavra mágica: diversificar. A passagem de ano traz sempre algo de novo. Mas este que aí vem, com o fogo do poder da transformação, convida especialmente à reflexão. Os signos, as energias, as forças do destino… São crenças para uns, mitos para outros; certamente cultura para todos. Seja qual for a sua dimensão, trazem correntes que são o que são; quer tenham ou não razão, carregam a força da convicção. Se alguém acredita, no fundo da sua alma, que vai mesmo mudar, já está a meio caminho. Primeiro, porque sente o impulso, assume o desejo; depois, porque faz algo por isso, adenda a potencialidade; finalmente, porque aceita o destino, deixa-se levar. Macau tem de mudar. Está escrito nas estrelas e tem mandato do céu. O que faz falta é acreditar.
O debate sobre a diversificação económica peca por estar mal enquadrado. Não vale a pena, nem faz sentido, pensar num Produto Interno Bruto formado por indústrias alternativas. O poder do dinheiro está no jogo. Não há volta a dar. Querer matá-lo é degolar a galinha dos ovos de ouro. E atiça as forças da resistência, que têm a força da realidade. O foco tem de ser outro: mudar o perfil laboral, alargar a geografia da ambição, educar e instruir uma sociedade de serviços qualificada, multilingue e multidisciplinar. Nada de novo na região. Hong Kong e Singapura são faróis de uma navegação que não é feita à vista, mas sim estratégia e visão.
Indústrias criativas, multilinguismo, integração regional, projeto lusófono… no fundo, partes de um todo universal. Tudo junto pouco muda as contas do Estado. Mas reconverte as pessoas e o espírito coletivo. No amanhã que o galo canta, conta mesmo é pensar que os nossos filhos serão tradutores, traders, professores, comunicadores, negociadores, financeiros… e não funcionários públicos ou croupiers. Se um terço da população ativa mudar de vida, se os jovens repensarem a profissão, se o Governo reconverter hábitos, se todos redesenharem o mapa com as linhas do Rio das Pérolas e as cores da Lusofonia… tudo de facto muda, mesmo que tudo pareça na mesma, feitas as contas aos casinos. Eu acredito. Quanto muitos acreditarem, quando passarmos da missão imposta ao mundo das oportunidades… vai acontecer. Que a força do Galo nos traga o amanhã.

Paulo Rego 

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Meio de comunicação social generalista, com foco na relação entre os Países de Língua Portuguesa e a China

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