A juventude tem a seu favor a energia que emprega na vida e nos projetos; joga com o tempo que lhe sobra; tem menos vícios e convicções e, por isso, é também mais recetiva a mudanças de paradigma, novas oportunidades e processos fraturantes. Talvez por isso, ou por mero sinal dos tempos, o II Fórum de Jovens Empresários entre a China e os Países de Língua Portuguesa tenha transmitido a ideia de que algo se passa para além das cerimónias, dos convidados, das fitas e das fotos de grupo; há mais do que simples discursos que se prolongam sem que a alma aqueça. Esta gente quer, e acha que pode. E esse é o fuel que faz girar o mundo.
É curioso observar as duas velocidades a que se transmite a perceção sobre a identidade da plataforma em Macau, visando contatos entre a China e os países de língua portuguesa. Veteranos no tema como Alberto Carvalho Neto (Presidente da Associação de Jovens Empresários Portugal China), Kevin Ho (Associação dos Jovens empresários de Macau) ou Derio Chen (Associação Internacional de Indústria e Comércio China-Europa) focam-se no papel de líderes comprometidos com a internacionalização da economia. Querem mais foco, ação, interpretam as linhas de ação política e apostam nas tecnologias de comunicação. Já os novatos no tema, vindos do Brasil, ou do Paraguai, emitem sinais de deslumbramento: a porta para a China é uma descoberta; adensada pelos exotismos da língua portuguesa, do mindset misto e do apoio institucional ao contato entre ocidente e oriente. No rosto de quem vem da América Latina, como Catarina Valente (Federação Iberoamericana de Jovens Empresários) ou Nadia Delgado (Bloco Mercosul), jovens de olhar intenso, em busca de aventuras e soluções, percebe-se o valor que dão a uma plataforma tantas vezes desprezada por quem nela vive e vira costas ao tema.
Sim, eles podem; porque eles podem tudo. Oxalá daqui a uns anos se encontrem e possam dizer uns aos outros: sim, fizemos.
Paulo Rego
ED#123