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O caso do Sofagate

Isabel MeirellesIsabel Meirelles*

reunião, que decorreu em Ancara com o Presidente Erdogan e a União Europeia, representada ao mais alto nível pela Presidente da Comissão Europeia Ursula Von Der Leyen e pelo Presidente do Conselho Europeu Charles Michel, tinha como objetivo reavaliar a possível integração da Turquia no bloco comunitário e estreitar as ligações entre os Estados-Membros e o governo turco no que diz respeito à união aduaneira, à luta contra as alterações climáticas e à mobilidade entre a União e a Turquia.

Outro dos temas discutidos foi a saída da Turquia da Convenção de Istambul, que tem como objetivo prevenir e combater a violência contra as mulheres, sobretudo a violência doméstica.

A Turquia estava entre o grupo de 14 Estados pioneiros, que assinaram esta Convenção do Conselho da Europa em Istambul.

Porém, nunca implementou esta convenção, tornando-se assim o primeiro Estado a abandonar o tratado, depois de ter sido, o primeiro a ratificá-lo.

Coincidência ou nem por isso, aconteceu o incidente do sofagate.

Ursula Von der Leyen, aquando da visita a Erdogan foi acomodada num sofá, distanciada do presidente da Turquia e do presidente do Conselho Europeu, estes sentados em cadeiras situadas lado a lado e no lugar mais nobre da sala. 

A Turquia garantiu que “as obrigações protocolares pedidas pela União Europeia foram cumpridas, ou seja, a questão relacionada com os lugares foi escolhida e sugerida pelas instituições europeias”.

Apesar de a Turquia não admitir a quebra de protocolo, a verdade é que este não foi cumprido, até porque a disposição dos lugares, em comparação com outros encontros anteriores, demonstra esta falácia.

Com efeito, num encontro anterior de Erdogan com o ex-presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Junker e o ex-presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, os dois sentaram-se lado a lado com Erdogan.

Este incidente afetou o papel da União Europeia como ator global, porque a missão à Turquia transformou-se num desastre diplomático, já para não falar de outro também recente que foi a ida de Joseph Borrell, o Alto Representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, à Rússia que nem sequer se dignou deslocar a Cabo Delgado tendo mandatado no seu lugar o Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros Augusto Santos Silva.

A continuar este tipo de incidentes a imagem da União sairá fragilizada e sem capacidade para se poder impor na cena internacional, sobretudo em época de balanço dos escombros e da consequente recuperação económica e social do pós-pandemia que vai ser preciso realizar para nos podermos reerguer.

*Deputada do Partido Social Democrata Português (PSD)

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