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KEYNES E O MARSHALL CHINÊS

Nações Unidas, Associação das Nações do Sudeste Asiático, União Europeia, União Africana, Organização dos Estados Americanos… capitulam na prova de vida. O Estado Nação, autista em locais-chave como no norte da Europa, Estados Unidos, Brasil… multiplica harakiris entre poderes regionais e centrais. Cai a obsessão do défice e dispara a emissão de moeda – afinal, antes inflação que depressão. Keynes e o multiculturalismo regressam ao futuro, quiçá tarde para sarar a fratura exposta da democracia neoliberal – globalização sem rosto. É espantoso como o ocidente abre a caixa de pandora do nacionalismo protecionista e da seleção malthusiana – limpam “excessos” do Estado Social. Por contraponto, a oriente, ditaduras e democraturas musculadas assumem o Estado Providência. Entretanto, Pequim apregoa o multiculturalismo e promete ajuda a todos, “independentemente do que tenham antes dito da China”. Quem diria… O mundo pós-vírus exigirá autoridade, capacidade de decisão. Não se confunda a evidência com o elogio à ditadura – nada disso. Urge é que as democracias que se salvem a si próprias, protegendo direitos, liberdades e garantias conquistadas com sangue, suor e lágrimas, nas lutas antifascistas. Se não ganham consciência do bem comum, da globalização humanista, perdem o futuro. É difícil prever o que decide quem é incapaz de o fazer. Já o comunismo capitalista chinês, tendo todos os defeitos que tem, escapa a essa imprevisibilidade. Intui-se na narrativa de Pequim uma nova estirpe do Plano Marshall. Oxalá! Porque é preciso. A ingenuidade, essa, é má conselheira. O mundo pós-guerra pagou juros altos ao capital norteamericano, vergando-se à sua lógica: democrática, sim; mas messiânica – tantas vezes unilateral. Se Pequim custear agora a recuperação pós vírus, nem precisa disso. O multiculturalismo e o soft-power confrontam as democracias ocidentais com o seu próprio veneno: a profecia autoritária.

Paulo Rego 27.03.2020

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