O facto de o presidente americano Donald Trump chamar ao Covid-19 “Vírus da China” prova que quer culpar o país pela epidemia. Pequim já perguntou quais têm sido os esforços do Governo americano para conter o vírus. Trump acusou a China de desperdiçar tempo vital para os EUA e o resto do mundo. Mas, na verdade, a China avisou os EUA sobre o vírus a 3 de janeiro, e desde 23 desse mês que o resto do mundo seguiu de perto o que se passou em Wuhan. A informação sobre a situação na cidade foi partilhada e peritos em medicina acederam a todos os documentos. Os EUA já têm peritos à volta da epidemia há mais de um mês. A 23 de fevereiro, o médico Paul Cottrell, conhecido como o “whistleblower” americano, avançou que o número de infetados nos EUA já passava do milhar e que o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças estava a esconder essa informação. Mais tarde foi silenciado. Entre janeiro e março os EUA preocuparam-se mais em culpar a China, classificando o fecho de uma cidade como uma violação dos direitos humanos e dizendo que a solução para o vírus é a democracia. A epidemia entretanto chegou aos EUA e agora Trump não controla a situação. A solução é simples: culpar a China e usar o termo “Vírus da China”. A situação é demasiado grave para Washington atirar a culpa para outros. A China, além de se opor ao uso do termo “Vírus da China”, está a trabalhar com o resto do mundo na luta contra esta pandemia. A nível interno, há vozes discordantes nos EUA. O ator que desempenha o papel da personagem Hulk criticou publicamente Donald Trump no Twitter: “Quando lança a culpa da existência de um vírus sobre um grupo étnico, está a virar as pessoas umas contra as outras”. Antes do início do surto nos EUA, Trump elogiou os esforços da China na luta contra a epidemia. Depois do surto, começou a atirar as culpas para a China. A negligência e posteriores consequências são demasiado óbvias para ser ignoradas.
David Chan 27.03.2020
