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O Circuito da Guia de Macau

Terminou o 63º Grande Prémio de Macau. Esta edição trouxe consigo muitos acidentes, e o comité do Grande Prémio teve diversas vezes de erguer a “bandeira vermelha” para interromper a corrida. Felizmente, a competição pode continuar depois destes acidentes (embora com alterações), e todas as ocorrências foram casos de carros destruídos e pessoas ilesas, do agrado das lentes fotográficas, sem nenhum caso que desse azo a arrependimentos. Para os fãs e espectadores que puderam assistir a estes acidentes, tratar-se-ão apenas de memórias inesquecíveis.

Todos os anos, o Grande Prémio é lugar de muitos acidentes, exigindo muitas vezes alterações às corridas, como a redução da duração do evento. São circunstâncias que estão fora do controlo da organização, dos automobilistas ou do público.

Os acidentes são algo muito comum numa corrida de automóveis, e os fatores que os causam são muito variados, sendo um deles a condução dos automobilistas. Contudo, muitos fãs e membros do público atribuem a culpa à natureza perigosa do Circuito da Guia, sendo uma pista difícil de manobrar para os automobilistas.

Na verdade, o facto de o Grande Prémio de Macau receber os melhores automobilistas internacionais, que desejam aqui obter a glória de um bom resultado, está relacionado com a pista da corrida.

A pista do Grande Prémio de Macau tem como nome “Circuito da Guia” por se estender em volta da Colina da Guia. Com 6,2km de comprimento, devido a tratar-se de uma pista urbana, e sendo traçada em volta de uma colina, ela acompanha as mudanças do solo, sendo por isso muito particular em comparação com outras pistas urbanas. Possui 14m de largura máxima em pista reta, curvas de 45 graus, subidas pela colina, trechos à beira de precipícios, uma curva apertada de quase 180 graus, uma descida na Rua dos Pescadores, uma curva à beira mar, uma curva no Miradouro de D. Maria II e no antigo Clube Náutico (houve aí uma vez um incidente mortal envolvendo uma bicicleta que foi contra um dos condutores). Na curva do antigo Clube Náutico, agora a curva do Hotel Mandarim, ocorreram já vários acidentes que deram origem a fogo, tendo o piloto filipino Arsenio Laurel aí perdido a vida quando o seu carro se incendiou, e o acidente mais grave desta edição também aconteceu aí. A parte mais entusiasmante do Circuito da Guia é a curva de 90 graus do Hotel Lisboa, que se segue à curva do antigo Clube Náutico, e é onde acontecem a maior parte dos acidentes, sendo por isso o lugar preferido pelos fãs e espectadores. Esta curva exige uma grande coragem por parte dos automobilistas. Basta um pequeno erro para o carro falhar a curva e ser atirado na direção da Rotunda de Ferreira do Amaral. Neste local já aconteceram casos em que o carro saiu da pista e atropelou alguns turistas do outro lado da barreira. À curva do Hotel Lisboa segue-se a subida de São Francisco, e depois várias curvas e contracurvas junto a precipícios na colina. Apesar da sua natureza perigosa, ainda não houve nenhum carro que tenha passado as barreiras e caído do precipício.

O Circuito da Guia, de topografia complexa, é uma pista urbana inigualável. Os pilotos podem aqui experimentar diferentes sensações, por vezes com um campo de visão alargado, outras vezes conduzindo no meio de prédios altos, por vezes sentindo o vento da colina, outras vezes sentindo o cheiro do mar. Julgo que o único defeito do Circuito da Guia é talvez a falta de um túnel. Terminado o Grande Prémio de Macau, os macaenses podem agora experimentar por si mesmos uma volta no Circuito da Guia e sentir o seu encanto. Muito obrigado a todos os arquitetos que conceberam esta extraordinária obra de arte há 63 anos atrás. 

DAVID Chan 

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