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Excursões: boa ideia esbarra na realidade

A Administração Nacional de Imigração da República Popular da China anunciou que, a partir de 6 de maio, os visitantes do interior que adiram a excursões para Macau e Hengqin poderão fazer múltiplas viagens entre as duas regiões durante 7 dias. Esta é, indiscutivelmente, a política mais favorável a excursões transfronteiriças entre Macau e Hengqin dos últimos anos. No entanto, membros da indústria do turismo dizem ao PLATAFORMA que, embora reconheçam os benefícios desta iniciativa, há muitos problemas a resolver.

Viviana Chan

So Hoi, diretor da Agência de Viagens e Turismo Macau Lisboa, aponta, por exemplo, que o novo visto só pode ser solicitado num posto de imigração do Continente com 10 dias úteis de antecedência, o que, inevitavelmente, “já não está de acordo com a prática atual do país para obtenção de vistos de entrada e saída”. Com a popularidade das máquinas automáticas para solicitação de vistos, os residentes do Continente podem solicitar um visto para Hong Kong e Macau alguns dias antes da partida, com este a ser emitido instantaneamente. Esta nova política recupera o processo manual para obtenção de visto, o que é suficiente para “desencorajar” muitas pessoas, acredita.

Além disso, So avisa que atualmente “os autocarros turísticos de Macau não podem ir para Hengqin”, o que representa outro obstáculo às excursões transfronteiriças. Desde o anúncio da nova política, a indústria tem explorado as oportunidades para Macau, tendo as excursões já existentes como base, mas os benefícios da política parecem ser limitados. So Hoi diz não descortinar novas oportunidades com esta nova medida, pois, na verdade, as “excursões para Hong Kong e Macau” são ainda as mais populares para os turistas nacionais. “Ao longo dos anos, além do Chimelong, não vejo nenhuma nova atração em Hengqin que possa atrair viajantes do exterior”, afirma.

Apoio Dessincrozinado

Em dezembro de 2020, Zhuhai formulou o “Regulamento sobre a Prática de Profissionais do Turismo de Hong Kong e Macau na Nova Área de Hengqin”, que inclui as condições para inscrição, procedimentos, normas comportamentais, medidas de supervisão e responsabilidades legais dos profissionais do turismo de Hong Kong e Macau que queiram trabalhar em Hengqin.

Até agora, 374 guias turísticos de Macau solicitaram o registo e passaram no exame relevante em Hengqin para obter licença de trabalho. No entanto, Chong Wai Kit, vice-presidente da Associação de Guias Turísticos do Património Cultural de Macau, afirma que como as licenças para guias turísticos de Hong Kong e Macau são apenas válidas por um ano, várias já “expiraram há mais de dois anos”, muito devido à falta de acompanhamento e resposta por parte das autoridades de Hengqin. Para Cheong, esta política de licenças acabou por ser “mal-sucedida”.

So Hoi, diretor da Agência de Viagens e Turismo Macau Lisboa, explica que o modelo de solicitação do novo
visto é suficiente para “desencorajar” muitas pessoas

Como resultado, os guias turísticos de Macau que anteriormente obtiveram uma qualificação para trabalhar em Hengqin, não podem agora receber excursões na Ilha e só podem esperar pelos turistas do lado da fronteira da RAEM com esta nova medida.

Zonas de revitalização tornam-se atrações

Chong Wai Kit, que é também um guia turístico, menciona que, segundo as informações que recolheu dos itinerários atuais para grupos turísticos Macau-Hengqin, áreas revitalizadas pelas concessionárias de jogos, como a Rua da Felicidade, na Península de Macau, a Fábrica de Fogos de Artifício Iec Long, na Taipa, e o Estaleiro Lai Chi Vun, em Coloane, serão incluídas nos roteiros.

Dentro do plano, um guia turístico de Macau deve receber um grupo de turistas que pernoitou em Hengqin na noite anterior pela manhã na fronteira de Macau. No primeiro dia, será organizado uma excursão pela Península e, à noite, todo o grupo retornará a Hengqin para pernoitar. Na manhã do segundo dia, o guia turístico deve receber o grupo novamente e começar a excursão pela Taipa e Coloane.

Segundo as informações anunciadas pelas autoridades de Hengqin, turistas em excursões entre Macau e Hengqin devem viajar através do Posto Fronteiriço de Hengqin, sempre acompanhados do seu grupo.

Chong Wai Kit, vice-presidente da Associação de Guias Turísticos do Património Cultural de Macau, diz que
o processo de aquisição de licenças de trabalho para guias turísticos em Hengqin dificulta o acompanhamento dos excursionistas desde a Ilha

Um relatório de análise emitido pelo Goldman Sachs apontou que a política deve ser favorável a turistas mais sensíveis ao preço, pois passam a usufruir de hotéis mais baratos em Hengqin. Atualmente, a Zona de Cooperação tem cerca de 9 mil quartos de hotel, com um preço médio entre as 400 a 600 patacas por noite, enquanto o preço dos hotéis classificados com estrelas em Macau é de cerca de 2.000 a 3.000 patacas por noite. Portanto, esta flexibilidade deve ajudar também a aliviar ainda mais a escassez de quartos de hotel em Macau e proporcionar mais opções para viajantes em excursões.

Significado político

Este ano marca o 25.º aniversário da transferência de soberania de Macau. Em fevereiro, o Conselho de Estado aprovou que as cidades de Xi’an e Qingdao fossem adicionadas ao Esquema de Visita Individual para Hong Kong e Macau. Juntamente com a abertura do visto de múltiplas viagens para excursões, acredita-se que estas políticas demonstram ainda mais o apoio do Governo Central ao desenvolvimento de Macau.

Segundo o banco de investimento JP Morgan, as políticas “demonstram o pleno apoio do Continente à economia de Macau e às indústrias de turismo e lazer” e “contrastam fortemente com a maior atenção da China ao jogo transfronteiriço ilegal”, pois anteriormente embaixadas chinesas no exterior, incluindo as de Singapura, Coreia do Sul, Sri Lanka, Filipinas e Camboja, emitiram avisos para que os residentes chineses evitassem participar em jogos de azar.

A interpretação do JP Morgan sobre a política é que o Governo chinês vê Macau como um “destino de jogo preferido”, mesmo que pretenda “conter” o apetite de nacionais chineses por jogos de apostas.

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