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Banca vulnerável

O crédito malparado mais que duplicou em Macau nos últimos 12 meses e os lucros dos bancos registaram o pior arranque de ano desde 2013, de acordo com dados oficiais. No final de março, a banca do território tinha acumulado empréstimos vencidos no valor de 45.4 mil milhões de patacas, mais 111,3 por cento face ao período homólogo do ano passado, de acordo com um comunicado da Autoridade Monetária de Macau (AMCM).

O crédito bancário malparado tem atingido novos recordes há 13 meses consecutivos, indicou a AMCM, cujos dados remontam a 1990, ainda durante a administração portuguesa do território. O crédito vencido representa 4,2 por cento dos empréstimos dos bancos de Macau, também mais do dobro do registado no final de março de 2023. Uma percentagem que atinge 5,6 por cento no caso do crédito a instituições ou indivíduos fora da região chinesa.

A Autoridade Bancária Europeia, a agência reguladora da UE, considera que os bancos com pelo menos 5 por cento dos empréstimos malparados têm “elevada exposição” ao risco e devem estabelecer uma estratégia para resolver o problema. Ainda assim, a percentagem de crédito bancário vencido em Macau está longe do recorde de 25,3 por cento, alcançado em meados de 2001, em plena crise económica mundial, causada pelo rebentar da bolha especulativa das empresas ligadas à Internet.

Avisos do FMI

O Fundo Monetário Internacional (FMI) avisou em março deste ano que o abrandamento no setor imobiliário, os problemas financeiros e o declínio do investimento por parte do Governo local, bem como o aumento das tensões geopolíticas, poderiam reduzir a atividade económica na China continental, com efeitos colaterais no sistema financeiro e na economia da RAEM.

Segundo a organização internacional, o prolongamento das taxas de juro elevadas nas principais economias pode pressionar os balanços dos bancos locais, devido ao impacto na avaliação e qualidade dos ativos. “Os elevados passivos externos dos bancos da RAEM com prazos curtos podem comportar riscos. Os centros de jogo emergentes noutras partes da Ásia poderão reduzir o fluxo de turismo para a Região a médio prazo”.

O total do passivo detido por bancos de Macau atingiu 2.362 mil milhões de patacas no final de março deste ano. Na altura, o FMI sugeriu que a recolha de dados, banco a banco, sobre o crédito malparado, por setor económico e crédito interbancário, melhoraria a avaliação do risco sistémico efetuada pela AMCM. “Será fundamental que se reforce a monitorização do risco dos mutuários da China continental, a posição de liquidez dos bancos com grandes passivos estrangeiros de curto prazo e o setor financeiro não bancário”, apontava a entidade.

Lucros em queda

Os bancos locais obtiveram um lucro de 2.48 mil milhões de patacas no primeiro trimestre de 2024, menos 38,5 por cento do que no mesmo período de 2023 e o valor mais baixo em mais de uma década.

A principal razão para a diminuição dos lucros foi uma queda de 23,7 por cento, para 3.86 mil milhões de patacas, na margem de juros, a diferença entre as receitas dos empréstimos e as despesas com depósitos.

Isto apesar de a AMCM ter aprovado três aumentos da principal taxa de juro de referência em 2023, a última das quais uma subida de 0,25 pontos percentuais, introduzida em maio, seguindo a Reserva Federal norte-americana.

Os empréstimos, a principal fonte de receitas da banca a nível mundial, diminuíram 13,8 por cento em comparação com março de 2023, fixando-se em 1.07 biliões de patacas. Pelo contrário, os depósitos junto dos bancos de Macau aumentaram 0,2 por cento em termos anuais, para 1,23 biliões de patacas no final de março.

A banca da região administrativa especial chinesa fechou o ano passado com um lucro de 6.14 mil milhões de patacas, menos 53,5 por cento do que no ano anterior.

*Com Lusa

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