A alteração das regras para a eleição do Chefe do Executivo foi aprovada, por unanimidade, na Assembleia Legislativa. Já em 2024, a Comissão de Defesa da Segurança do Estado determinará “se os participantes defendem a Lei Básica e são “fiéis à RAEM da RPC”. Esse parecer é “vinculativo” para a Comissão de Assuntos Eleitorais do Chefe do Executivo; “sem direito a reclamação ou recurso contencioso”.
Só falta bater as botas e fazer continência. Como se fosse hoje possível alguém sem a bênção do céu ser Chefe na terra. O maior problema desta formalidade, agressiva e inútil, é que nada acrescenta – apenas subtrai – e mesmo aquilo que parece: um passo atrás na autonomia, na modernidade política, na face que interessa a Pequim mostrar: a Hong Kong, a Taiwan – e ao resto do mundo. Esta narrativa sem sentido – e passadista – não tem qualquer ganho de causa. E abre feridas que podem inflamar.
Uma coisa é a realidade; outra é a narrativa – e a sua perceção. Afinal, qual é o problema teórico que se pretende evitar? Candidatos com voz dissonante? Se um dia os houver, onde podem querer chegar? A lado algum…. Quem verdadeiramente acredita que a Comissão Eleitoral deixaria correr quem não tem pista possível? Contra os ventos da capital??!! Por favor!
O Segundo Sistema integrou essa realidade. Macau é assim: mal ou bem, resulta da prática anterior, com o poder do Primeiro Sistema. Estarão quiçá contentes os filhos bem-comportados que pensam estar a zelar pela Mãe Pátria. Mas esta cantilena do Chefe Patriota apenas serve para inventar um problema que não existe. A eleição é colegial – não é por sufrágio universal. A elite local nunca rasgará as baias de Pequim. Mas de tanto bater no ceguinho, tiram face ao Primeiro Sistema. Quanto mais aberto for o Segundo Sistema, melhor servirão o Primeiro. Se assim não fosse, porque raio haveriam dois?
*Diretor-Executivo do PLATAFORMA
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