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Impacto em Macau da descarga de águas nucleares do Japão

Che Sai Wang*

O Governo japonês anunciou em 2021 a aprovação do plano de descarga de águas da central nuclear. A Tokyo Electric Power Company (TEPCO) iniciou um ensaio do sistema de descarga dos resíduos nucleares de Fukushima a 12 de junho deste ano. O plano é fazer a descarga no mar durante um período de 30 anos. Este ato do Governo japonês danifica gravemente o ecossistema marinho, colocando em perigo a segurança ambiental do mundo, e é mesmo um “assassinato” crónico da vida e da saúde humana. Trata-se de um ato extremamente egoísta e irresponsável.

De acordo com os cálculos de um instituto alemão de investigação científica marinha, 57 dias após a libertação dos efluentes nucleares de Fukushima, o material radioativo ter-se-á espalhado pela maior parte do Oceano Pacífico. Três anos mais tarde, os Estados Unidos e o Canadá serão afetados pela contaminação nuclear. 10 anos mais tarde a contaminação nuclear ter-se-á espalhado por todas as águas do planeta. Em cerca de 140 dias, as correntes contaminadas pelos resíduos nucleares entrarão nos mares do Sul e do Leste da China e em apenas dois anos contaminarão a maior parte das zonas costeiras do país. Sendo uma cidade costeira, Macau está intimamente ligada ao mar e não há dúvida de que a descarga das águas nucleares do Japão no mar terá um impacto a longo prazo na vida e na saúde da população local. O IAM já indicou que vai suspender a importação de produtos aquáticos, legumes e frutas de nove prefeituras e cidades do Japão, e que poderá exigir que os alimentos importados de outros locais do país sejam acompanhados de um certificado de teste de radiação e passem pelas medidas de inspeção e teste relevantes. Contudo, o impacto dos efluentes nucleares é tão abrangente e grave que pode mesmo alterar o ADN do corpo humano e causar várias complicações cancerígenas. O impacto na segurança das espécies é inimaginável.

A fim de proteger a vida da população de Macau, o Governo da RAEM deve prestar atenção aos seguintes aspetos: em primeiro lugar, a descarga dos resíduos nucleares no mar afetará diretamente o ecossistema marinho, o que, por sua vez, afetará os meios de subsistência da indústria piscatória local, da aquicultura, da cozinha japonesa, do hotpot de marisco e de outras indústrias relacionadas. O Governo deve planear antecipadamente o impacto nas indústrias relevantes para evitar o encerramento de empresas e desemprego.

Em segundo lugar, o Governo da RAEM deve prestar atenção e reforçar a monitorização dos níveis de radiação nuclear em Macau, bem como preparar e armazenar antecipadamente medicamentos para prevenir ou reduzir a exposição à radiação, de acordo com a lista atualizada da Organização Mundial de Saúde.

Por último, além de intensificar o controlo e supervisão das importações de produtos alimentares provenientes do Japão, deve ser exercido um controlo rigoroso sobre a origem, as matérias-primas e os níveis de radiação dos produtos de consumo diário, tais como produtos de cuidados da pele, produtos de beleza e produtos de limpeza diária, etc. Os produtos importados de outros países e regiões devem também ser cuidadosamente identificados no que respeita à origem das suas matérias-primas. Os produtos importados que não cumpram as normas não podem ser autorizados a entrar no mercado de Macau, pois colocam em risco a segurança dos residentes locais.

*Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM)

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