Quando o mundo mais precisa de cooperação, parece que nenhum país está disposto a seguir a liderança dos EUA. Ou seja, a hegemonia americana chegou ao fim. O país já não consegue ameaçar a China, e ele próprio perdeu a posição de vantagem.
Henry Kissinger, antigo Secretário de Estado americano, num discurso na organização The Economic Club of New York a 7 de julho, que deveria abordar os limites da competitividade, não focou áreas especificas, preferindo salientar as escolhas estratégicas norte-americanas em relação à China.
Kissinger deixou bem claro que Washington tem de ter em conta a atual complexidade do mundo global, e o facto de nenhuma nação poder assumir uma posição de superioridade unilateral e incontestável no campo estratégico e económico face ao resto do mundo. O seu discurso alertou ainda para os perigos de uma mentalidade de soma zero, e para a necessidade de Washington definir os seus limites nas políticas com a China. Kissinger alude à natureza caótica da liderança americana, inevitável devido à natureza da estratégia implementada por Trump.
O presidente americano rejeitou a Parceria Trans-Pacífico proposta por Obama, ou seja, uma colaboração dos EUA e Japão com vários países da região do Pacífico e Sul Asiático para tentar combater a cadeia industrial chinesa, e limitar assim a economia do país. Porém a elite americana acabou por temer as demoras de tal estratégia, e na sua impaciência decidiu recorrer a Trump. A ideia inicial de evolução pacífica e limitação económica transformou-se num ataque direto. Esta série de saídas de organizações e acordos internacionais acionada por Trump tem como objetivo uma destruição da ordem global, criando conflitos e disputas por todo o mundo, todavia mantendo o continente americano estável, trazendo de volta indústrias de capital e talentos para o país, e tornando a América grandiosa novamente.
Sendo assim, as recentes palavras de Kissinger estão em linha com as necessidades estratégicas dos EUA.
*Editor Senior