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Macau já anda

Depois de anos de derrapagens e indecisões, o Governo inaugurou finalmente o metro ligeiro de Macau, contudo apenas no traçado da Taipa. Tarifas já são conhecidas, mas até 31 de dezembro a viagem é gratuita.

O metro, inaugurado na terça-feira, custou 10,2 mil milhões de patacas, revelou depois da cerimónia, aos jornalistas, o secretário para as Obras Públicas e Transportes, Raimundo do Rosário. “Prometi que ia inaugurar esta linha até ao final do meu mandato e estou naturalmente satisfeito por ter conseguido cumprir”, referiu.

O custo das obras excedeu em muito o inicialmente previsto. Uma auditoria à construção do metro de superfície, realizada em setembro de 2018, concluiu que as autoridades permitiram “sucessivas falhas, atrasos, incumprimentos da lei, não aplicação de multas e desconsideração das boas práticas internacionais relativas à gestão e fiscalização das empreitadas de obras públicas de grande escala que levaram aos atrasos sucessivos das obras”. No início, a inauguração chegou a estar prevista para 2017.

As carruagens são totalmente automáticas, sem condutor, com tração elétrica e rolam com pneus de borracha sobre carris de betão. Esta primeira fase situa-se na Taipa e tem, para já um total de 11 estações, incluindo a do aeroporto de Macau, do terminal marítimo, da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau e do Dome, estação denominada Jogos da Ásia Oriental.

Entre a primeira e última estações, com paragens, o percurso de 9,3 quilómetros – 44,28 por cento do inicialmente previsto – deverá rondar os 25 minutos a ser percorrido. O Governo adquiriu à Mitsubishi 110 carruagens, com uma capacidade máxima de 100 pessoas por carruagem, e cada composição terá entre duas e quatro carruagens, com capacidade máxima para 400 pessoas.

As autoridades esperam que o novo meio de transporte consiga levar cerca de 20 mil passageiros diários, mas admite que a meta é “altamente falível”, uma vez que “ainda só circula na Taipa”. Por isso, para atrair mais passageiros, até ao final do ano as viagens são gratuitas.

As tarifas foram publicadas em Boletim Oficial e vão desde as seis patacas por uma zona, que inclui três estações, até 10 patacas para percorrer toda a linha. “Tivemos uma grande preocupação que o sistema fosse igual ao dos autocarros”, explicou Raimundo do Rosário.

Milhares no primeiro dia e uma avaria

O metro abriu oficilmente à população pelas 15:33, uma hora auspiciosa na cultura chinesa. Milhares de pessoas fizeram fila para estrear o novo transporte que partiu da estação do terminal marítimo da Taipa.

De destacar que meia-hora depois, uma carruagem avariou, pouco depois de partir da estação localizada nos Ocean Gardens, na estação do posto fronteiriço da Flor de Lótus.

O alarme da composição soou e a mesma parou de repente. Os passageiros foram retirados por razões de segurança. A decisão foi tomada devido ao “alerta do sistema de monitorização de segurança”, disse a empresa,em comunicado, sem divulgar mais pormenores.

O Governo tem ainda previsto construir mais duas linhas, a da península de Macau e a de Coloane, mas ainda não divulgou os planos de construção. A extensão do metro até à Barra, no sul da península de Macau junto ao Templo de A-Má, estará pronta até 2023, garantiu aos jornalistas secretário para as Obras Públicas e Transportes. A ligação será feita através do piso inferior da ponte Sai Van. Ao mesmo tempo, Raimundo do Rosário acrescentou que a sua secretaria já está a trabalhar numa nova linha para o complexo de habitação pública de Seac Pai Van, em Coloane, e na ligação com o comboio rápido que deverá chegar em breve à ilha da Montanha (Hengqin).

O metro constituiu uma das principais obras públicas desde a transferência de soberania de Portugal para a China, em 1999, sendo descrito no Plano Geral de Desenvolvimento da Indústria do Turismo de Macau como a “espinha dorsal” para melhorar o trânsito no território. 

Gonçalo Lobo Pinheiro 13.12.2019

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