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Segurança Nacional alargada ao cinema em Hong Kong

Dinis Chan*

Várias gerações cresceram com os filmes de Hong Kong dos anos 80 e 90, e estes são um produto de alto valor para o soft power da região. Filmes como “In the Mood for Love”, “Rouge”, “Internal Affairs”, “Ip Man” ou “Shaolin Soccer” são altamente populares e ajudam a que o público estrangeiro entenda melhor as circunstâncias e cultura de Hong Kong.  

No âmbito da Lei de Segurança Nacional em Hong Kong, a Chefe do Executivo propôs na terça-feira novas regras relativamente à censura cinematográfica. Caso as autoridades identifiquem que o conteúdo de um filme possa estar a pôr em causa a segurança nacional, será concluído que o mesmo é impróprio para exibição. Mesmo após a estreia, o governo tem autoridade para revogar a licença original do filme se as circunstâncias ou influência do mesmo forem nocivas para a segurança nacional. 

As novas regulamentações da indústria de cinema em Hong Kong irão, com certeza, impor limites à produção destes filmes e aumentar o nível de autocensura no entretenimento. Não é surpreendente que filmes e publicações sejam censurados, mas normalmente a tendência segue na direção oposta, passando de regras rigorosas para regras mais relaxadas.  

Nos anos 90, quando a indústria de cinema em Hong Kong estava no seu pico, os filmes populares tinham conteúdo largamente satírico e expressavam a opinião pública do momento. Por exemplo, a série televisiva “Her Fatal Ways”, com a atriz Carol Cheng Yu Ling, conseguiu retratar em 1997 – altura da transferência de soberania de Hong Kong – os vários sentimentos da população: confusão, expetativa e apreensão. Hoje, estes filmes são o reflexo perfeito da sociedade de Hong Kong dessa época.  

O cinema é uma forma de expressão artística, e uma forma de manifestar a liberdade de expressão e opinião. Ao mesmo tempo, é também um registo histórico da sociedade. Quanto menores forem as barreiras, melhores serão as ideias e conteúdos. Estas liberdades são essenciais numa sociedade governada por um Estado de Direito, para além de garantir que as autoridades públicas também são alvo de escrutínio do público.  

*Diretor executivo do PLATAFORMA

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