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O conflito das medicinas

Guilherme RegoGuilherme Rego*
Guilherme Rego

A internacionalização e promoção da Medicina Tradicional Chinesa tem sido tema preponderante na China. Macau não foge à regra, mediante a sua missão de diversificar a economia, promover a MTC é de extrema importância, sobretudo nos Países de Língua Portuguesa.

A questão não é apenas comercial, há uma clara necessidade da China em expandir a sua influência no ocidente e esta é uma das fórmulas. Não obstante, são vários os obstáculos, muitas vezes erguidos pela medicina ocidental, que vê na falta de investigação e de estudos científicos a maior ‘muleta’ na sua aplicação e possível complementaridade.

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Quando em 2018 foi publicada em Portugal uma portaria conjunta dos ministérios da Saúde e da Ciência e Ensino Superior que validou a criação de ciclos de estudo que conferem o grau de licenciado em MTC, o Conselho Europeu das Ordens dos Médicos considerou que essa iniciativa poderia “prejudicar seriamente a saúde pública”, dadas as matérias “sem base científica”.

Na mesma altura, o bastonário dos Médicos disse que na fitoterapia existem “milhares de produtos que ninguém sabe o que são, que não são testados como medicamentos”.

No Brasil, quando o presidente Jair Bolsonaro assinou, em Pequim, um convénio para o ensino de (MTC) na Universidade Federal de Goiás (UFG), várias foram as vozes contra o seu ensino, defendendo que os centros de estudo se “dedicam a disseminar a doutrina, não a testá-la. Não tenho autoridade para comentar as preocupações, mas sei que os muros terão de cair, porque a evolução da MTC também tem sido conduzida para se adequar às exigências do mercado internacional.

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E certamente ainda há lacunas para preencher quanto à sua utilização, vantagens e desvantagens, mas já não há como ignorá-la, está cá, e o que realmente prejudica a saúde pública é a tentativa de desacreditá-la.

A sua aceitação só traz benefícios, desde logo ao criar legislação adequada, apoio à qualificação e creditação profissional, garantindo a qualidade e informação fidedigna. Só assim se pode desenvolver uma colaboração que permita dissipar as dúvidas e desconfianças.

*Diretor-Executivo do PLATAFORMA

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