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China para que te quero

Paulo RegoPaulo Rego*
Paulo Rego

A queda de popularidade de Joe Biden, nos Estados Unidos, a ameaça militar russa na Ucrânia – prenúncio da crise energética – o crescimento dos nacionalismos e da extrema direita – até em Portugal – a inflação de cinco por cento na Europa, o custo galopante das matérias primas, a emergência climática… anunciam tempos difíceis.

Mas também uma nova oportunidade, para a qual a China deve olhar com flexibilidade e inteligência – o que interessa particularmente a Macau e à sua vocação de plataforma para o exterior. Na ressaca da pandemia, a Europa percebe o erro que foi desmantelar a indústria nos países periféricos, mas também o engodo de estigmatizar economias como a da China – uma não ameaça, no sentido em que hoje se entende, por exemplo, Moscovo.

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Ostracizar a segunda maior economia do mundo, com reservas financeiras, capacidade de investimento global e desenvolvimento tecnológico é uma miríade que não faz sentido nem vai perdurar

A excessiva dependência do eixo Atlântico está posta em causa – desde logo pela Alemanha – e até o muro do défice caiu, face à urgência de políticas públicas e injeção financeira dos Estados na economia. Sair deste quadro de crise global com inovação, qualificação das pessoas, capacidade de investimento na economia digital e sustentável… é um exercício hercúleo, que não dispensa nenhum contributo estratégico.

Ostracizar a segunda maior economia do mundo, com reservas financeiras, capacidade de investimento global e desenvolvimento tecnológico é uma miríade que não faz sentido nem vai perdurar. 

Mas Pequim também tem de entender a nova realidade e recentrar a sua própria flexibilidade. Passado é passado para todos; não pode ser visto como um problema a ocidente e um valor a oriente. A China deve nesta circunstância rever a sua postura no contexto do multiculturalismo e da globalização, antevendo a brutal adaptação que urge a todos fazer. Quem melhor o fizer, de forma mais rápida e inteligente… contribui não só para a reconversão global, mas também para a sua força relativa nas lideranças partilhadas que têm de ser revistas. 

*Diretor-Geral do PLATAFORMA 

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Meio de comunicação social generalista, com foco na relação entre os Países de Língua Portuguesa e a China

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