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O Nobel do PAM

Arsénio ReisArsénio Reis*

O Prémio Nobel da Paz é do PAM.

Dificilmente uma organização seria mais merecedora deste prémio do que o Programa Alimentar Mundial. Uma agência das Nações Unidas que, no ano passado, apoiou quase 100 milhões de pessoas em 88 países.

A atribuição deste prémio lembrou-me um encontro antigo.

Há mais de duas décadas, conversava com um “homem grande” da política angolana sobre a não existência, em Angola, das chamadas “almofadas sociais”, capazes de travar o conflito no país. Onde estavam os sindicatos, as associações, os homens de letras e da cultura, que não se impunham contra aquela lógica de conflito permanente? Joaquim Pinto de Andrade, que tolerava as minhas dúvidas nessa conversa, deu-me uma resposta simples: Quando a barriga está vazia é muito difícil escrever livros…mesmo que seja para combater as injustiças.

A fome é um dos maiores problemas do mundo. 690 milhões de pessoas passam fome, cerca de 9% da população mundial, e com a Covid-19 estima-se que mais 130 milhões se juntem a esse grupo.

São esses que o PAM apoia. É a maior agência humanitária do mundo e todos os dias movimenta em média, 5500 camiões, 30 navios e 100 aviões na missão de dar de comer a quem tem fome.

Por enquanto “a alimentação é a melhor vacina contra o caos”.

Só que este prémio é mais do que isso. É uma tomada de posição por parte do Comité Nobel e a sua presidente deixou isso bem claro aquando do seu anúncio.

O Comité deixou claro que o mundo será muito pior se os países não garantirem apoio económico a organizações como o Programa Alimentar Mundial. E explicou porquê.

O Comité norueguês do Nobel olha para o PAM como um bom exemplo de uma abordagem multilateralista, fundamental na construção do futuro. Berit Reiss-Andersen, a presidente do Comité, disse que “a necessidade de solidariedade internacional e de cooperação multilateral é hoje mais evidente do que nunca”, tendo em conta o crescimento do populismo e das políticas nacionalistas a que estamos a assistir.

Com o mundo neste estado e sob o ataque imparável da Pandemia, o Comité Nobel explica a importância deste prémio com um alerta. Por enquanto “a alimentação é a melhor vacina contra o caos”.

*Diretor do PLATAFORMA

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