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Wuhan e o coronavírus

Wuhan, capital da província de Hubei, embora uma cidade metropolitana com uma população de mais de 10 milhões, neste momento não parece ser um centro urbano chinês. O seu nome é conhecido, porém isso deve-se à nova epidemia de um coronavírus que está a receber a atenção da imprensa de todo o mundo. A origem do vírus já foi descoberta e já foram definidas uma série de medidas de controlo. A nível nacional, este caso fica apenas atrás do caso de SARS em 2003. Existem já vários casos de infetados em outras regiões da China e até em outros países, todos pessoas que estiveram em Wuhan ou que estiveram em contacto com alguém que esteve na cidade. É por isso possível definir duas principais características desta epidemia: primeiro, o vírus necessita de um período de incubação, sendo esta a razão que levou a que inicialmente “não tivesse sido detetada transmissão entre humanos”. Em segundo lugar, a origem do vírus está em Wuhan. De acordo com dados partilhados pelo Doutor Zhong Nanshan, 95 por cento dos casos estavam ligados à cidade. Com base nestas características, o Governo de Wuhan impôs restrições nas saídas e entradas na cidade, alertando ainda a população para não sair à rua. A genética deste vírus é 80 por cento semelhante à do vírus SARS, no entanto, tal não significa que são iguais. Ambos pertencem a subgrupos diferentes, e este novo coronavírus parece ser diferente de qualquer outro conhecido. Tal significa que esta é uma epidemia que necessita de medidas de prevenção e controlo por parte de toda a sociedade. Como Zhong Nanshan salientou, devem ser tomadas precauções, pois este vírus poderá demonstrar patogenicidade e transmissão mais fortes depois de se adaptar ao organismo e ambiente humanos. É assim necessário combatê-lo o mais rápido possível, preferencialmente antes de se alastrar ainda mais. 

Existem também algumas diferenças entre este caso e o de SARS em 2003: no caso do SARS, o vírus já circulava em Guangdong por dois meses antes de alastrar. Foram registados casos a partir de dezembro de 2002, que só foram identificados posteriormente, em março, como um coronavírus. Assim sendo, a propagação do SARS deveu-se em grande parte à falta de informação e de resultados de análise mais rápidos. Este novo vírus contou apenas com um período de duas semanas entre os primeiros casos e a identificação, e por isso devemos continuar a cooperar com as medidas de controlo e prevenção, tentando reduzir a propagação do vírus. Outra diferença é o facto de o sistema de controlo atual estar mais desenvolvido do que o de 2003, o que significa que a evolução do vírus pode ser bloqueada. A mentalidade da sociedade também é diferente da de 2003, que possuía um certo sentimento de pânico. Atualmente a informação oferecida à população é mais transparente e clara, tal em conjunto com a experiência de uma epidemia semelhante em 2003 faz com que a população mantenha uma atitude de calma. Esta estabilidade e calma na sociedade é vantajosa para o controlo e prevenção de uma epidemia, possibilitando que este vírus seja destruído mais rapidamente. Todavia é de salientar que ainda estamos na fase inicial da propagação, tendo sido definidas apenas algumas das características do vírus. Esta falta de conhecimento significa também que a população deve estar em alerta e preparada para uma maior propagação, tomando as próprias medidas de prevenção em casa e no trabalho, usando máscaras sempre que se sai à rua e lavando as mãos regularmente. Deve ainda ser oferecido apoio às medidas temporárias implementadas pelas regiões administrativas especiais em cooperação com o controlo da epidemia no Continente, contribuindo para uma prevenção eficaz da propagação do vírus. 

David Chan 31.01.2020

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