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As “Diásporas” e as “Pontes” da Aldeia Mundial

No ano de 1978, exatamente há 40 anos atrás, o Governo português alterou a designação do feriado nacional do dia 10 de Junho – do «Dia de Camões, de Portugal e da Raça» para o «Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas». Esta última referência refere-sea todos os portugueses e os seus descendentes que residem fora do país espalhando pelos cinco continentes. Olhando para a sua distribuição geográfica, pode-se descobrir que a maioria deles vive quer noutros países lusófonos quer noutras economias ocidentais mais desenvolvidas, como os Estados Unidos, Canadá, França, Alemanha, etc. Estive, há duas semanas – por altura do Dia de Portugal – no Reino Unido, e assim conheci os eventos relevantes organizados pela comunidade portuguesa em Londres, bem como as histórias dos emigrantes.

O Reino Unido é o quarto país na Europa com o maior número de portugueses. Mais de um terço estão concentrados em South Lambeth, na margem sul do rio Tamisa, em Londres. Esta comunidade, apelidada de “Little Portugal” (Pequeno Portugal), data já da década de 1960. Nessa altura vários portugueses, à procura de uma melhor qualidade de vida, trocaram a sua casa pelo próspero Reino Unido, trabalhando como operários de construção, enfermeiros ou empregadas domésticas. Depois de uma geração, hoje as carreiras da comunidade portuguesa são muito mais diversificadas, com muitos a deixar uma marca profunda no mundo profissional do país. Muitos estão também agora a retribuir para a comunidade, tirando partido do seu poder e influência para integrar várias redes de apoio à comunidade. Promovem assim o bem-estar desta população, através de apoio a recém-chegados, oferecendo consultas médicas grátis e bolsas de estudo a alunos de mérito portugueses.

No que diz respeito a “economias de aglomeração”, nos últimos anos a “Little Portugal” tem atraído cada vez mais novos imigrantes de outros países lusófonos como Brasil e Angola, fazendo com que o termo “comunidades portuguesas” se alargue agora a também comunidades de outros países falantes da língua portuguesa. Fernanda Correia é uma das líderes da comunidade, já residente há vários anos em “Terras de Sua Majestade”. Foi ela, juntamente com outros colegas que partilham os mesmos ideais, quem organizou as atividades locais do Dia de Portugal. Esta atividade não só contou com o apoio e participação de membros da Embaixada portuguesa no Reino Unido, como também com vários imigrantes de outros países lusófonos, partilhando com a comunidade portuguesa a sua música, gastronomia e artesanato. Outra minha amiga, Ana Có, natural da Guiné com nacionalidade portuguesa, está em Londres há já oito anos. Ana tem sido uma voz em prol dos luso-africanos, lutado pela unificação da comunidade com portugueses e portugueses de descendência estrangeira, tendo até recebido a atenção da sociedade britânica.

No “Dia de Portugal” em Londres, assisti à união de uma comunidade portuguesa que se juntou para celebrar a sua terra natal, chegando até a ler o seu jornal local já com mais de 40 anos de história. Neste contexto, não pude deixar de lembrar a comunidade chinesa em Portugal, constituída por imigrantes e estudantes, assim como a comunidade portuguesa em Macau. Desde a Era dos Descobrimentos até hoje, o rápido desenvolvimento da ciência e da tecnologia têm possibilitado um imenso fluxo de populações entre várias civilizações, transformando o nosso vasto planeta cada vez mais numa “aldeia global”. Esperemos então que estes “aldeões”, em ambos os lados, continuem a servir como ponte, e que neste processo de absorção e experiência de novas culturas o mundo se torne num lugar cada vez mais diverso. 

Jacky Lee-Plataforma Macau/Associação de Estudantes Luso-Macaense  22.06.2018

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