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Chegou o Festival Cheng Ming

Todos os anos, quando chega a altura do Festival Cheng Ming, todos os cemitérios em Macau ficam lotados de gente, cheios de pessoas que vêm prestar homenagem aos seus parentes falecidos. Esta é já uma antiga tradição do povo chinês. Embora a nossa sociedade esteja em constante evolução e os hábitos de vida em constante mudança, os nossos antepassados não desaparecem da nossa memória. Esta memória está particularmente presente durante o Festival Cheng Ming. Isto acontece ainda mais nos dias de hoje, visto ser muito cómodo prestar uma visita ao cemitério. Se os parentes a quem se pretende prestar homenagem estiverem sepultados em Macau, graças aos transportes públicos, basta apenas sair um pouco mais cedo de casa. A única inconveniência é só mesmo o número de pessoas. 

Antigamente, quando algum residente de Macau falecia, a família enviava o seu corpo para a sua terra natal, para poder ser sepultado “em casa”. Por isso, raramente alguém era sepultado em Macau, tirando casos excecionais de pessoas sem parentes ou amigos próximos, ou cuja terra natal ficava muito longe. Na altura, antes da transferência de soberania, muitos eram enviados para Zhuhai e arredores. Isto devia-se ao facto de Macau ser ainda território português, e em cemitérios ocidentais não serem permitidas cerimónias como queima de incenso e papel, parte essencial da cultura e tradição chinesa. Assim se criou o hábito de enviar parentes falecidos para Zhuhai, e é por essa razão que no distrito de Gongbei, depois das Portas do Cerco, existe um cemitério, e outro no bairro da Ilha verde, na zona do canal dos patos, onde muitos antigos residentes de Macau estão sepultados. Nos anos 50 começou a ser necessário licença de entrada no continente, e por isso era muito complicado para residentes em Macau ir a Zhuhai durante o Cheng Ming. Todavia, após reunião entre a Associação Comercial de Macau e a Federação das Associações dos Operários de Macau, os dois lados decidiram permitir entrada e saída livre, durante os três dias anteriores e posteriores ao Cheng Ming. Desde então que, através destas duas Associações, residentes de Macau puderam livremente ir ao continente nesta altura do ano, não só para prestar homenagem aos seus antepassados como também para visitar parentes na zona. Para entrar em Gongbei, se os residentes não trouxessem consigo alimentos como carne de porco ou carne de ganso, não era necessário sequer passarem pela segurança e alfândega. Por isso, muitas famílias aproveitaram esta oportunidade para visitar o continente e conhecer o outro lado da “cortina de bambu”. Durante essa altura do ano, dezenas de milhares de residentes entraram em Gongbei, apelidando a autorização de entrada emitida pelas duas Associações de “papel de visita ao cemitério”. Esta política esteve sempre em vigor até à abertura da China, quando a autorização de entrada foi substituída pelo “Documento de viagem à China para residentes de Hong Kong e de Macau”. 

DAVID Chan  06.04.2018

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