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Um espetáculo na Casa Branca

O encontro na Sala Oval. As fotos mostram, em cadeirões, o anfitrião da Casa Branca e o, por enquanto, visitante. Ao meio, num quadro sobre a lareira, George Washington. 

Do lado de Barack Obama, o busto de Lincoln, o mais prestigiado do Partido Republicano. Do lado de Donald Trump, o busto de Martin Luther King. Poder-se-ia divagar pela ironia destas proximidades, mas o mais significativo é que os cadeirões são iguais. A tradição americana é de uma passagem pacífica de um presidente para outro. Ontem, foi um pormenor importante que a mobília dissesse que a tradição se cumpria, apesar de o futuro presidente ter passado o mandato anterior a negar legitimidade a Obama. As bofetadas de luva branca em Obama são mais notórias.

Já o presidente Obama fizera questão de se mostrar mero herdeiro de tradições: “Dei instruções à minha equipa para seguir o exemplo da equipa do presidente Bush há oito anos e trabalhar o mais possível para que a sucessão corra bem ao presidente eleito.” Invocar explicitamente o republicano George W. Bush foi uma forma de sublinhar que o Estado está acima da volubilidade dos partidos e dos recém-chegados.

Trump aceitou o jogo da bonança. O encontro, previsto para dez minutos, prolongou-se por hora e meia e, apesar disso, o recém-eleito disse que por ele ficava mais tempo. “Estou muito ansioso por trabalhar com o presidente no futuro, incluindo [receber dele] conselhos.” E repetiu: “Senhor presidente, foi uma grande honra estar consigo e espero vir a estar em muitas, muitas mais vezes no futuro.” Como não, se Trump considerava Obama, como disse aos jornalistas ontem várias vezes, um bom homem “a very good man, a very good man”.

O único senão deste primeiro encontro foi não ter acontecido um encontro dos casais, atuais e próximos presidentes e primeiras-damas. Michelle Obama e Melania Trump encontram-se na ala privada da Casa Branca para um chá. Estes encontros passam–se geralmente bem, pelo menos na aparência. Em 1960, Mamie Eisenhower fez questão de mostrar a Jacqueline Kennedy os cortinados novos que mandara pôr. Mais tarde, Jackie contou que passou toda a visita a tomar notas sobre as mudanças radicais que faria na decoração da casa onde pensava ir viver para a quase eternidade de oitos anos (foram três). Por enquanto ainda não conhecemos as memórias de Melania, se é que ela as tem originais sobre arquitetura de interiores.

O que já se sabe é que não houve fotografia a quatro. Alguém deve ter feito saber que educada, ela seria, mas daí a envolver-se num encontro de interpretações políticas com Trump, estava fora de questão. 

Ferreira Fernandes

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