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A caminho do melhor Grande Prémio

De regresso à Comissão do Grande Prémio, Costa Antunes fala da preparação nos bastidores, das novidades e de tudo o que rodeia o maior evento de Macau. O Gande Prémio nunca esteve em dúvida, e garante, que o de 2016 será o melhor ano de sempre. 

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Após a sua demissão, surge o convite do secretário Alexis Tam. É o regresso do filho pródigo ou a paixão que fala mais alto?

O senhor secretário convidou-me para ser membro da comissão dos projetos que tem em curso e, mais concretamente, no Grande Prémio, para ser o porta-voz para a imprensa portuguesa em Macau. O meu trabalho tem a ver com projetos e, nesse ambito, surgiu o convite do senhor secretário. Esses projetos passam pela reconversão do espaço e do edifício do antigo Hotel Estoril; a construção Biblioteca Central e a aproximação de alguns projetos na Av. da Praia, na Taipa. São projetos aos quais tenho dedicado a maior parte do tempo neste último ano; não só a trabalhar para o Grande Prémio.

Quanto tempo de preparação é preciso para o Grande Prémio?

Como qualquer evento desta dimensão o período é  maior que um ano. Mesmo antes de se realizar o atual, já há trabalhos preparatórios que não têm a ver com o atual mas com o evento a seguir. É um circuito que não pára, existem contratos internacionais a atualizar, convites a fazer, etc. É preciso desmanchar toda a estrutura e prever o que fôr possível para que se possa melhorar constantemente. O programa já está a ser preparado para o Grande Prémio de 2017.

Quantas pessoas estão envolvidas diretamente e indiretamente, excluindo pilotos e equipas?

Existe uma equipa permanente. O núcleo é constituído por 30 pessoas que tratam do Grande Prémio durante o ano. A inclusão no Instituto do Desporto permite que essa equipa trabalhe em outras atividades dedicadas ao desporto. Mas para além disso é necessário um conjunto de apoios que são dados não só pela entidade da tutela que é o Instituto do Desporto, mas também por outros organismos que pertencem á Comissão, como é o caso dos trabalhos promocionais, que são tratados pelo Turismo; a Segurança, pelos Serviços da Segurança, e os condicionalismos de trânsito, por parte  da DSAT e do IACM. Há um conjunto de departamentos que estão em trabalho permanente ao longo do ano, toda uma preparação de apoio médico e paramédico, toda uma componente que envolve centenas de pessoas… Se contarmos para a realização do evento, bombeiros, agentes de segurança, etc, andamos à volta de 1.500 a 2.000 pessoas por serviços diferentes.

Com as saídas da cúpula da organização e as novas regras da FIA o Grande Prémio esteve em risco?

De maneira nenhuma! O Grande Prémio, ao longo dos 63 anos, conquistou um direito próprio reconhecido internacionalmente. O figurino não é unico e começou com um grupo de amigos que se reuniram para o organizar, depois, para o internacionalizar criaram-se condições para que assumissem a organização. Nasceu assim um orgão internacional presente na FIA, o Automóvel Clube de Portugal, e mais tarde o Clube Automóvel de Macau, que assumiu o registo na FIA. Eu diria que Macau tem todas as condições para continuar a organizar o Grande Prémio.Há um acumular de experiências com pessoas que têm largo conhecimento na preparação deste evento que o adquiriram ao longo destes 63 anos. Nunca houve qualquer dúvida quanto à sua realização.

Certo é que há um prémio da FIA ao integrar a F3 na Taça do Mundo….

Sim; é um facto. Ao longo dos anos, Macau desenvolveu uma capacidade organizativa de reconhecimento internacional. Houve em vários momentos que desenvolver esforços para o reconhecer como Taça Intercontinental; já era um primeiro passo. A prova continua a ser o exame final para jovens corredores que aspiram a participarem na F1,como aconteceu com corredores que passaram por Macau, tais como Senna, Vettel, Shumacher, Hamilton, etc. A FIA  enviou ao longo dos anos observadores credenciados, sempre a nosso pedido, para haver responsabilidade técnica internacional ao mais  alto nivel, desde os stewards, passando pelas equipas médicas, o diretor de corrida serem da FIA . Finalmente e ainda bem, graças ao sucesso que o Grande Prémio tem, acabnaram por reconhecer todo este trabalho e tiveram a preocupação com a nomeação da F3 a Taça do Mundo.

Quais são as novidades para este ano?

Quando se atinge um determinado patamar é dificil dizer que há grandes novidades. A novidade, sim, é a do reconhecimento mundial da F3. Essa é a grande novidade! Logo aí, em paralelo com o ter-se conseguido a prova mundial de GT, no ano passado, é uma raridade nesta modalidade. Temos uma grelha cheia de bons pilotos nestas corridas. Por outro lado, temos o 50º aniversário das corridas de motos, outra novidade. Melhorar a segurança e os transtornos do trânsito, a passagem aérea junto à curva de São Francisco voltou a ser uma realidade. Todos os anos se tem tentado manter o projeto integrado com os residentes. Este ano as escolas vão ter a oportunidade de assistir aos treinos… Tudo isto são grandes novidades para este ano.

O orçamento previsto é de 200 milhões de patacas. Consegue-se medir o retorno desse investimento?

O retorno deste evento pode medir-se a três niveis: primeiro é o retorno direto: bilhetes, publicidade de pista, venda de espaços de publicidade – é o cash por cash; segundo, o retorno em termos de efeito direto, mas não para a organização. Pelo facto de haver o evento isso provoca um aumento de receita na cidade, revertendo uma receita para a cidade e para o Fundo do Turismo. É também cash por cash, porque estas receitas não revertem diretamente para a organização, mas a organização é paga por esse mesmo Fundo de Turismo, sendo depois distribuida essa receita pelos vários intervenientes do setor. A tericeira componente é a imagem promocional; Macau como um brand internacional, através das várias cadeias de televisão, páginas nos jornais e revistas, Facebook, Twiter, etc.

Tem sido positivo ao longo dos anos?

Tem. Este ano ainda não foi medido, mas no ano anterior houve três medições e os resultados foram de 25% do investimento de retorno para a organização, para a cidade foi de 1 para 2. É muito positivo e quando avaliamos as horas de televisão, jornais, Facebook, etc, o valor subiu para oito vezes. Quanto não vale falar de Macau como um brand diversificado? Muito……..

Há ainda uma presença timida de espetadores de outras nacionalidades?

Olhe que não; olhe que não… Cada vez mais há mais diversificação de espetadores. Quando temos pilotos europeus ou de outros continentes, há sempre um contingente de espetadores dessa região. A China continental é muito recente , mas a abertura da F1 em Xangai, trouxe espetadores do Continente a Macau e não é por acaso que nós próprios estamos presentes com um stand aquando da realização da F1 em Xangai, como estivemos em Singapura, etc. Temos clima, simpatia ao receber e procuramos um espetador especializado nesta modalidade.

A F1 vir pode vir para Macau?

É uma questão que tem vindo a ser posta de tempos a tempos. Tivémos o presidente da FIA aqui a ver as instalações, pessoal, etc. Em tom de surpresa, perguntou porque não pedíamos a certificação para a F1. Temos uma jóia, as primeiro temos de preservar património, a estrutura urbana, etc. Eu, como engenheiro civil, diria que sim, consigo incluir uma pista de F1. Há que medir os prós e contras, mas não há impossíveis.

Expetativas para o Grande Prémio…

As melhores. Vejo as pessoas mobilizadas, animadas. Há sempre uma questão que me preocupa: o bom tempo. Se houver alguém que consiga controlar esse fator, que venha trabalhar connosco. Com o bom tempo garantimos o melhor Grande Prémio de sempre. 

Nuno Ferraria

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Meio de comunicação social generalista, com foco na relação entre os Países de Língua Portuguesa e a China

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