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Visão integrada

O principal bloqueio ao desenvolvimento de Macau não é neste momento a falta de uma visão estratégica. Ela existe, é por demais conhecida e não se perde nada em repeti-la, até à exaustão: diversificação económica, integração regional e projeto lusófono chinês. O problema é que para todas elas é preciso uma visão integrada, que prepare a cidade para cada uma delas e as integre umas nas outras.

As indústrias MICE, que abordamos em detalhe nesta edição, são um exemplo claro disso, como tantos outros que podem ser referidos. As conferências, eventos e exibições estão a crescer, em quantidade e em qualidade; o setor é fortemente subsidiado e atrai cada vez mais empresas e profissionais. Mas depois há bloqueios ao nível dos acessos, da comunicação, da mão de obra, dos vistos… Não se pode dizer que o governo não percebe ou não se interessa. Mas claramente não tem conseguido reunir todas as vontades locais nem negociar com Pequim a parte que não lhes cabe.

O centro mundial de turismo e de lazer, que inclui o turismo de negócios, não se desenvolverá na plenitude enquanto for assente apenas no marketing político e na distribuição de subsídios. A própria cidade terá de mudar, procurando renovar a sua estética e garantindo uma oferta integrada, capaz de atrair não só o mercado de massas chinês como famílias de todo o mundo. Para isso é preciso ter uma visão estratégica assente num ritmo diferente de governação, capaz não só de condicionar o desenvolvimento dos casinos mas também de promover um planeamento urbanístico consequente e consistente.

Há um tabu no seio do Governo, do qual pouco se fala mas que importa cada vez mais repensar. Não há verdadeiramente um governo. Há um conjunto de secretários que dependem do chefe do Executivo mas que não reúnem sob a sua égide nem gerem questões em conjunto. Cada um puxa pela sua tutela e trata dos seus problemas, encontrando-se individualmente, por iniciativa própria ou por mero acaso. É um problema formal, como é um estilo de liderança. Terá eventualmente vantagens, que não se conhecem; mas tem claramente a desvantagem de bloquear uma visão integrada da cidade, que é aquilo que nesta altura faz mais falta. 

Paulo Rego

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