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Espero que a receita iguale os custos

Steve Wynn conta os dias para abrir o Wynn Palace, na próxima segunda-feira. Custou 4,2 mil milhões de dólares, levou seis anos a erguer e traz ao mercado mais 1.706 quartos e 18.580 metros quadrados no megaresort de luxo que arranca com muito mais do que as 100 novas mesas de jogo que lhe foram licenciadas. 

O magnata norte-americano encolhe os ombros quando lhe perguntam pelo futuro do jogo de Macau: “Não sei”, confessou quarta-feira, em conferência de imprensa em Macau. O facto é que, apesar da forte queda nas receitas brutas, os resultados líquidos da empresa são positivos e os novos empreendimentos, acredita Steve Wynn, terão capacidade de se pagar a si próprios: “Espero que a receita iguale os custos”, rematou, transmitindo um otimismo comedido.

Quanto ao número de mesas, limitado pelo teto anual global de três por, confirma-se que serão desviadas 250 mesas do Wynn Macau para reforçar a capacidade do Wynn Palace, que dessa forma atingirá as 350 mesas.

Do ponto de vista estratégico, Wynn aponta o caminho da diversificação turística e da oferta complementar de valor acrescentado. Não nos devemos focar nas mesas de jogo, mas sim no total da receitas líquidas do casino”, conclui, alinhando depois com o discurso que vai sendo consensual entre os operadores de promoção do turismo familiar e de entretenimento. 

“Um ou dois mil milhões de dólares”, atirou Steve Wynn, foram gastos em  antiguidades e obras de arte, num “palácio” que Steve Wynn quer ver associado ao luxo da contemplação da arte.

Aposta VIP na SJM

A Sociedade de Jogos de Macau garante que o seu novo projeto, a inaugurar em 2018, manterá a aposta no jogo VIP, apesar da queda das receitas nesse segmento. Em entrevista ao portal GGRAsia, a administradora delegada, Angela Leong, afirmou que o segmento VIP, dedicado a jogos com apostas mais elevadas, terá um lugar proeminente no Grand Lisboa Palace.

“Vamos ter [jogo] VIP [no Grand Lisboa Palace]. Apostámos num design e renovação especificamente [orientado] para o jogo VIP. E temos hotéis de marca que podem ser usados para a promoção [do jogo VIP]”, disse, referindo-se ao ‘Karl Lagerfeld’ e ao ‘Palazzo Versace’, que resultam de parcerias com os estes designers.

A Melco Crown inaugurou o seu novo projeto no Cotai em outubro do ano passado sem jogo VIP, mas entretanto anunciado que vai também oferecer este segmento. Este mês, o diretor executivo da MGM Macau, Grant Bowie, admitiu a possibilidade de o seu projeto no Cotai, agendado ainda para 2017, abrir apenas com jogo de massas.

Apesar da aposta no jogo VIP, Angela Leong sublinha o compromisso da SJM de desenvolver o setor de massas e as atividades e serviços de entretenimento, em linha com o que tem sido pedido pelo Governo.

Nos primeiros seis meses do ano, as receitas do jogo VIP caíram 28,5% e as do jogo de massas desceram 11,5%.

MGM reforça posição em Macau

A MGM Resorts vai adquirir mais 4,95% da operadora de jogo de Macau MGM China por 150 milhões de dólares. Segundo comunicado enviado pela empresa à bolsa de Hong Kong, a empresa-mãe vai pagar à Grand Paradise Macau Limited, controlada por Pansy Ho, 100 milhões de dólares no imediato, a que se junta um pagamento de 50 milhões ao longo de, no máximo, cinco anos.

Como resultado desta transação, a MGM Resorts aumenta a sua participação na MGM China de 51% para 56% – a operadora de jogo de Macau resulta da parceria entre Pansy Ho e a MGM Resorts.

Assim, Ho e a Grand Paradise Macau passam a deter 22,49% da MGM China. O mesmo comunicado revela ainda que Pansy Ho acordou adquirir quatro milhões de ações da MGM Resorts.

Grant Bowie, diretor executivo da MGM China, considera que a transação “fortalece a relação entre os maiores acionistas da empresa e reforça o seu compromisso coletivo com a MGM China e com Macau”.

A MGM China anunciou no início do mês uma queda de 22% nas suas receitas em Macau no primeiro semestre deste ano, comparando com o mesmo período de 2015. A empresa anunciou em fevereiro o adiamento da abertura do MGM Cotai para o próximo ano devido às condições do mercado, no mesmo dia em que revelou que teve uma quebra de 33% nas suas receitas em Macau no conjunto do ano de 2015.

Aparente contradição

No final de junho havia em Macau 5.998 mesas de jogo distribuídas por 36 casinos. Perante o teto anual de três por cento fixado para o aumento do número de mesas, o Wynn Palace conseguiu 100 neste ano de abertura, que passarão a 125 em 2017 e a 150 em 2018. Mesmo admitindo que haja um denominador racional nessa regulação, há uma evidente desproporção entre a dimensão dos novos empreendimentos e as mesas que lhes são atribuídas.

O mais recente empreendimento a funcionar – Studio City abriu em outubro de 2015 – teve autorização para 150 mesas de jogo, mais 50 este ano. Metade das inicialmente pedidas pela operadora Melco Crown. A Wyyn projetara 400; logo percebeu que metade já seria ótimo; finalmente, limita-se a agradecer o que lhes é dado: “Estamos contentes com Macau”, disse Steve Wynn numa videoconferência com analistas, a 29 de julho, dia em que a Wynn Macau anunciou receitas líquidas de 693,3 milhões de dólares norte-americanos no segundo trimestre do ano, mais 3,6% do que em igual período de 2015. O EBITDA ajustado (resultados antes de impostos, juros, depreciações e amortizações) foi de 190,4 milhões de dólares, mais 9,8% do que no segundo trimestre de 2015.

A zona é claramente de lucro, apesar das receitas do jogo estarem em queda desde junho de 2014 e de, em 2015, o Produto Interno Bruto de Macau ter caído 20,3%: primeira contração anual da economia desde a transição de poderes, em 1999. Perante este cenário, vivem-se duas aparentes contradições na realidade de Macau: por um lado, a multiplicação de empreendimentos – projetados há dez anos, noutra realidade – sem que haja hoje condições de mercado que o justifiquem, nem sequer número de mesas que façam sentido pensando no aumento da capacidade hoteleira e no luxo das instalações.

O óbice de desenvolver o mercado de massas sem aumentar o número de mesas tem provocado críticas por parte de vários analistas. Já não por parte das operadoras, que optam pelo silêncio estratégico. Por um lado, sabem que o teto dos três por cento é vigiado por Pequim; por outro, estão todas em vésperas de renegociarem as suas concessões. O consenso, ainda que informal, é o de não confrontar as autoridades.

Paulo Rego e Nunu Wu

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