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Imobiliário dá sinais de recuperação

As transações imobiliárias em Macau parecem ter recuperado algum vigor, em Março, dizem as agências contactadas pelo PLATAFORMA

 

O número de transações tem vindo a descer nos últimos 20 meses, mas o futuro parece mais promissor para os negócios do setor imobiliário, até porque os preços não deverão descer muito mais do que os valores atuais, garantem as agências Ricacorp e Jones Lang LaSalle.

Segundo a Direção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), o número de transações do setor imobiliário nos primeiros 11 meses do ano passado foi de 5431, o que corresponde a uma descida de 24,2 por cento em comparação com o mesmo período de 2014 — entre os principais fatores por detrás destes números, contam-se a cobrança do imposto de selo especial sobre a transmissão de imóveis, bem como a existência de poucos projectos imobiliários novos. Dados divulgados pela Direção dos Serviços de Finanças (DSF) dão conta ainda de que em Fevereiro foram transacionados 268 imóveis, contra 313 do mês homólogo de 2015. 

Para a gerente da Ricacorp (Macau) Properties, Jane Liu, o volume de transações já desceu bastante, em 2015, em comparação com o ano anterior. “No primeiro trimestre de 2016, os meses de Janeiro e Fevereiro foram bastante maus, ao mesmo tempo que o preço desceu entre 40 ou 50 por cento”, diz. 

Porém, ainda que os números oficiais mais recentes não tenham sido publicados à data de fecho desta edição, Jane Liu acredita que já se veem diferenças. “Pudemos observar no mercado várias transações [em Março] para as unidades de preço abaixo dos 6 milhões de dólares de Hong Kong”, garante, esclarecendo que “depois do ano novo chinês, dado que os preços já desceram tanto, as pessoas voltaram a pensar no mercado”.

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No que toca aos investidores, Jane Liu afirma que também estes voltaram a entrar no mercado. “Alguns começaram a comprar, em Março, unidades baratas, como por exemplo os parques de estacionamento, ou unidades cujos preços tenham descido muito”, diz. 

Os investidores escolhem algo “verdadeiramente barato”, enquanto os compradores para uso próprio procuram apartamentos “mais velhos”, cujo preço médio ronde os 4000 dólares de Hong Kong por pé quadrado. Além disso, começa também a ver-se pessoas interessadas em mudar de casa. “Aqueles que viviam em casas de dois quartos estão agora a mudar para casas de três quartos.”

As diferenças que se começam a notar no mercado estão diretamente relacionadas com as descidas nos preços das frações. Segundo os números da DSEC, os preços do mercado residencial do segmento de luxo desceram 22,1 por cento em 2015, enquanto os dos setores de massa e médio registaram uma redução na ordem dos 15,6 por cento. Na segunda metade do ano passado, houve ainda uma contração nos investimentos em ambos os setores de 1,7 e 1,8 por cento, respetivamente. Em Fevereiro, segundo os dados da DSF, para adquirir um metro quadrado numa unidade residencial do território era necessário pagar em média 73 733 patacas, um valor 17,4 por cento inferior ao registado no mesmo mês de 2015. 

“Muitas pessoas começam a aperceber-se de que, nos últimos 10 anos, esta é a primeira oportunidade que têm de comprar algo, com um desconto de 40 por cento”, realça. Jane Liu diz ainda que os preços pararam de descer em Março. “Muitos proprietários desistem de vender quando o preço desce muito abaixo de um determinado nível, preferindo, ao invés, arrendar”, diz. 

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Poucos investimentos
O diretor nacional de mercados capitais da agência imobiliária Jones Lang LaSalle, Jeff Wong Chi Wai, afirma que, para as frações residenciais, comparado com o ano passado, notou-se uma descida substancial nos primeiros dois meses de 2016. Porém, em Março, já se vê uma mudança da tendência. “Os números oficiais ainda não saíram, mas, pela nossa observação do mercado, houve uma recuperação no volume das transações, especialmente as que envolvem unidades mais baratas, que custam entre 3 e 6 milhões de dólares de Hong Kong”, afirma.

Segundo o agente imobiliário, a procura dos residentes continua alta, sobretudo dos jovens, daí notar-se uma mudança no que toca às unidades mais baratas. Neste momento, depois de uma descida consecutiva nos últimos 20 meses, o diretor acredita que o preço já se encontra “competitivo”, sobretudo para apartamentos que custam 3.000 dólares de Hong Kong por pé quadrado. “Começa a atrair os jovens, que já estão à espera de casa há dois anos.” Além disso, a economia “continua bastante saudável”, com a taxa de desemprego baixa e muitas operadoras de jogo a manterem os mesmos salários e regalias. “Significa que os jovens têm confiança para comprar apartamentos”, esclarece.

Pelo contrário, afirma que ainda não vê movimentos significativos por parte dos investidores. “Agem com base noutros fatores — diferentes dos locais —, que é o sentimento mas também a liquidez existente”, diz. Assim, com as receitas do jogo a descerem novamente em Março, as medidas restritivas governamentais e a hesitação dos bancos em “providenciar financiamento às pessoas para investir no imobiliário”, os investidores continuam inseguros. “Do ponto de vista do investimento, não vejo grandes oportunidades.”

Sobre os preços, Jeff Wong Chi Wai afirma que não deverão descer muito mais. “Os novos apartamentos estão agora nos 6000 dólares de Hong Kong por pé quadrado. Apesar de, no geral, não termos chegado ao limite mínimo, para os novos apartamentos terminados cujo preço se situe na ordem dos 6000 dólares de Hong Kong [por pé quadrado], já chegámos ao limite”, afirma. 

Na sua revisão do mercado imobiliário de 2015, no início deste ano, a Jones Lang LaSalle estimava que o setor continuaria a ter um crescimento negativo, depois de 20 meses consecutivos de descida das receitas do jogo. Jeff Wong afirmou então à imprensa que, apesar de vários projetos em larga-escala deverem abrir na segunda metade do ano, as perspetivas para o mercado local continuam “incertas” a curto prazo, podendo mesmo sofrer pressão negativa, dependendo da evolução de alguns indicadores económicos.  

Luciana Leitão 

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