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Alívios que pesam

Guilherme RegoGuilherme Rego*
Guilherme Rego

Todos vemos de bom grado a redução das quarentenas em Macau. A notícia, avançada na segunda-feira pelo próprio Chefe do Executivo, é uma lufada de ar fresco para uma cidade que nos últimos dois anos e meio tem estado “isolada” do resto do mundo, precisamente pelos grandes períodos de quarentena. Ho Iat Seng explicou que pretende implementar já nas férias de Verão um sistema de “10+7” (10 dias sob observação médica num hotel mais 7 dias de autogestão em casa) ou até mesmo “7+7”.

Há muito que as autoridades chinesas e locais pregam a reabertura gradual mediante indicadores positivos no combate à Covid-19. Desde o início da pandemia, as quarentenas em Macau só oscilaram entre 14+7 e 21+7.

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Ainda longe da reabertura total, é um sinal de que o prometido é devido. Mas, se o vírus bater à porta novamente, o plano será adiado, repensado, e até poderemos testemunhar uma regressão na reabertura. Não obstante, continua a ser positivo para Macau e para as suas gentes.

Se acontecer, já viabiliza férias a muitos, mas a medida serve fundamentalmente quem aqui trabalha. A quarentena, independentemente dos dias a que obriga, é um repelente natural para qualquer turista. Ainda para mais, relembrar que nos últimos 12 anos só 13 por cento dos visitantes não vieram ou da China Continental (64 por cento) ou de Hong Kong (22,5 por cento).

Se formos analisar os últimos cinco anos vemos que a tendência para depender destes mercados aumentou (89,5 por cento). Vendo estes dois mercados, nem 2020 e 2021 somados chegam a metade dos visitantes provenientes da China Continental em 2019 (42 por cento); Hong Kong ainda pior (19 por cento).

Leia também: Jogo e PIB de Macau caem juntos

Pequim tem condicionado o fluxo turístico e o ambiente económico de Macau através da política dinâmica de casos zero a nível nacional e pelos entraves que tem colocado à indústria do jogo e à emissão de vistos. Já o mercado de Hong Kong é condicionado pela quarentena obrigatória.

Analistas vêm na RAE vizinha uma alternativa à incerteza que o mercado chinês agora apresenta, mas não há sinais de reabertura a curto prazo. Sendo assim, a redução da quarentena pouco traz para aliviar a pressão económica de Macau, que precisa de receitas para se reestruturar e tornar-se mais internacional e mais diversificada.

*Diretor-Executivo do PLATAFORMA

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