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Vanda Pedro: “Hoje as pessoas valorizam pouco o teatro”

A atriz Vanda Pedro ficou conhecida do grande público pela participação no programa televisivo “Conversas no Quintal”, no qual interpreta a personagem Luena, por quem é reconhecida até hoje. Na comemoração dos 25 anos de carreira, assinalados no ano passado, Vanda programa lançar, brevemente, a sua obra didáctica intitulada “Guia Prático para Iniciantes de Teatro”. Com passagens pelas companhias Gruta e Miragens, nesta entrevista Vanda nega que o teatro angolano seja “gritaria” e de “paupérrima qualidade”

Vanda Pedro está a comemorar 25 anos de carreira. Como olha para o início desta vida, de mais de duas décadas dedicadas ao teatro?
Para já, era normal, na nossa época, nos idos anos 1990, as crianças terem contacto directo com as artes, porque no processo de recriação escolar estava contemplado o teatro, embora não fosse uma disciplina curricular. Tínhamos Educação Física e Artes Cénicas. Nós ensaiávamos quase um ano para apresentar peças em datas comemorativas, como o 1 de Junho, Dia Internacional da Criança. Foi por essa via que a representação nas escolas se tornou hábito.

Estamos a falar de que escola?
Nessa altura, eu estava na Escola 83, em Cacuaco, e o teatro servia para deixar as crianças mais soltas, vencer o bullying e outros receios da idade infantil. Mas eu era aquela que despontava, tanto que o encenador me convidou a integrar um grupo que ele dirigia fora da escola, o Gruta. Nessa época, eu ensaiava duas vezes, no grupo da escola e na companhia Gruta.

Sempre em Cacuaco?
Foi mesmo aí que eu comecei e fui despontando com o passar do tempo. O grupo já fazia apresentações no Teatro Avenida. Era uma fase em que os municípios todos tinham um grupo de referência e todos se cruzavam no Teatro Avenida, onde era feita a escala. Mas o destaque recaía sempre para os grupos do centro da cidade, como Miragens, Julu, Horizonte Njinga Mbande. Nós, que não morávamos no centro da cidade, aproveitávamos quando houvesse uma agenda mais aberta, que permitisse o intercâmbio.

Parece que imperava uma certa assimetria entre os municípios de Luanda e Cacuaco. Sendo de Cacuaco, viu-se prejudicada?
Sim! Cacuaco sempre foi esquecido, em termos de desenvolvimento. Quando se vai a Viana, fica claro como houve um crescimento muito grande. Mas Cacuaco não! Quem foi nos anos 1990 e quem vai agora, ainda continua quase tudo igual. Não cresce, não se desenvolve, só regride. Um exemplo claro são as Festas de Cacuaco, que eram um marco apreciado por pessoas que vinham de vários pontos da cidade. Um outro exemplo eram as salinas, que serviam de ponto turístico para muitos luandenses, inclusive estudantes. Mas já não existem, foram engolidas pelo mar. Cacuaco está parado.

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