A agência noticiosa oficial chinesa Xinhua acusa o executivo norte-americano de Donald Trump de estar a “cavar um buraco” no relacionamento entre Washington e Pequim, nas vésperas da transição de poder na Casa Branca.
Medidas como a restrição na emissão de vistos para os 92 milhões de membros do Partido Comunista da China e os seus familiares expõem as “intenções sinistras” das forças “anti-China extremistas em Washington”, que querem “sequestrar o relacionamento bilateral para benefício político próprio”, acusou a agência, em editorial.
Embora o presidente eleito, Joe Biden, tenha sinalizado que pretende manter a pressão sobre a China, espera-se que retorne a um estilo de diplomacia mais convencional e menos conflituoso.
Reverter as medidas da era Trump, no entanto, pode ser difícil, já que daria aos republicanos a oportunidade de renovar as suas acusações de que Biden está a suavizar a postura face a Pequim.
“Ao desafiarem implacavelmente as bases do relacionamento China – EUA, através de ações que ferem os interesses centrais da China, estes políticos anti-China não estão apenas a cavar um buraco para o relacionamento do próximo Executivo [com Pequim], como também a olhar para os seus próprios ganhos políticos pessoais”, disse a Xinhua.
O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, tem atacado a China quase diariamente em questões envolvendo Taiwan, Tibete, Hong Kong, a região de Xinjiang e o mar do Sul da China.
Os EUA impuseram sanções contra dezenas de autoridades da China continental e de Hong Kong e novas restrições na emissão de vistos para diplomatas, jornalistas e académicos chineses.
O grupo chinês de tecnologia Huawei foi também excluído do mercado dos EUA, que passaram a pressionar vários países a fazerem o mesmo.
O secretário de Estado norte-americano acusou na quarta-feira universidades dos Estados Unidos de cederem à pressão chinesa ao censurarem críticas ao Partido Comunista Chinês, e identificou mesmo pelo nome dois administradores universitários.
A Xinhua abriu a possibilidade de uma melhoria nas relações caso Washington mude a sua abordagem.
“A China e os Estados Unidos devem manter o espírito de não conflito, não confronto, respeito mútuo e cooperação”, sugeriu a Xinhua. “Os dois devem focar-se em gerir as suas diferenças”, apontou.