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Cruz Vermelha diz que o norte de Moçambique vive entre o vírus e a violência

Arsénio Reis

A violência não para de aumentar, o número de deslocados também não e como consequência sobe também a quantidade de pessoas atingidas pela Covid-19 na região mais a norte de Moçambique.

O Comité Internacional da Cruz Vermelha, presente em Cabo Delgado assume que a situação humanitária é preocupante e que tem vindo a piorar. Há mais de 300 mil deslocados naquela província. É gente que fugiu de uma onda de violência que lhe levou quase tudo. Perderam familiares, amigos, mas também todos os seus pertences. Fugiram sem nada e foram acolhidos em casas que estavam longe de ter as condições ideais para quem já lá vivia, quanto mais para receber os muitos que chegavam.

Não é por isso de estranhar que o número de casos de Covid-19 esteja a aumentar. Uma realidade confirmada, em entrevista ao PLATAFORMA, por Mariana Alcoforado, delegada de proteção do Comité Internacional da Cruz Vermelha em Pemba.

Pemba conta assim com o maior centro de tratamento de Covid instalado em Moçambique. Até porque só em Maputo é que existem mais casos de contaminação do que na província de Cabo Delgado.

A região é duplamente castigada, pelo vírus e pela violência. Só que ao contrário do que aconteceu com os doentes de Covid, nesta altura ainda não há nenhum centro que permita acolher os deslocados que fogem da violência. Esses contam com a solidariedade de quem os tenta receber em casas sobrelotadas.

As necessidades humanitárias aumentam, mas o acesso às pessoas que necessitam de ajuda é cada vez mais difícil

E o fluxo de deslocados, no entanto, continua a crescer.

Fogem de uma violência brutal. Perderam quase tudo, precisam de quase tudo e – nestas circunstâncias – um dos principais esforços, segundo o Comité Internacional da Cruz Vermelha, passa por tentar garantir o contato com quem ficou para trás.

Os que ficam para trás são uma das preocupações da Cruz Vermelha.

Unidades de cuidados de saúde destruídas

Nesta entrevista ao PLATAFORMA, Mariana Alcoforado, lembra que as unidades de cuidados de saúde nas zonas mais afetadas pela violência – centros de saúde e hospitais – foram praticamente destruídas. A delegada de proteção do Comité Internacional da Cruz Vermelha, assume que as necessidades humanitárias aumentam, mas o acesso às pessoas que necessitam de ajuda é cada vez mais difícil.

Há pelo menos 300 mil deslocados na Província de Cabo Delgado

No terreno os cerca de 40 elementos do Comité Internacional da Cruz Vermelha contam como o apoio da Cruz Vermelha de Moçambique e também das autoridades locais. Não há é qualquer contacto com as empresas privadas que estão a explorar os recursos naturais em Cabo Delgado.

Segundo Mariana Alcoforado, delegada de proteção do Comité Internacional da Cruz Vermelha, há pelo menos 300 mil deslocados na Província de Cabo Delgado. Aquela região, no norte do pais é palco de ataques armados há 3 anos, alguns deles reivindicados por grupos “jihadistas”, mas a sua autoria permanece em debate. São ataques que também já provocaram mais de mil vítimas mortais.

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