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Manobras de diversão à volta de um novo parque em Macau

Johnson Chao

O Instituto dos Assuntos Municipais (IAM) começou por anunciar esta semana a construção em Hac Sa, Coloane, de um parque de diversões de “classe mundial”, com conclusão prevista para 2021. Dois dias depois, o IAM informou, numa mensagem pouco esclarecedora que, afinal, o objetivo do novo empreendimento é oferecer aos residentes “infraestruturas de qualidade”. 

A deputada Agnes Lam disse acreditar que a dimensão e localização da futura infraestrutura deve ser claramente definida. Já Ron Lam, membro do Conselho Consultivo do IAM, considerou que a população não tem nada contra a concessão de espaços abertos, mas lembrou que as autoridades responsáveis devem tomar decisões úteis e não demasiado elaboradas. 

O deputado Lam Lon Wai já tinha inquirido a administração local sobre o momento escolhido para uma construção desta dimensão, tendo em conta a localização e o número de pessoas e veículos que estariam a circular pela área durante o período de férias. Esta semana, o IAM informou também que, em resposta a uma recente área de terreno em Hac Sa recuperada pelo Governo, uma empresa de consultoria tinha sido selecionada para desenvolver um plano de construção para um parque de diversões e áreas circundantes, até 2021. 

Posteriormente, Lo Chi Kin, vice-presidente do Conselho de Administração do IAM veio esclarecer que a expressão “classe mundial” não seria a forma mais correta para descrever o futuro parque. Reforçou que, com esta opinião não pretendia parecer humilde ou opor-se à construção, assumindo que existem certos padrões a seguir. A função do IAM é oferecer aos residentes infraestruturas de qualidade e, por isso, as opiniões da população serão ouvidas, assinalou. 

Agnes Lam, que reside perto do local do futuro empreendimento, admitiu em declarações ao PLATAFORMA que ficou chocada quando ouviu as notícias sobre a construção de um parque de diversões de “classe mundial” no local.

“Quando se fala em ´classe mundial´, normalmente estamos a referir-nos a parques como a Disneyland de Hong Kong ou o Ocean Park, e nem esses se autointitulam como sendo dessa natureza. A área da Hac Sa é reduzida e não existe espaço suficiente para grandes construções”, indicou.

Além disso, na fase de planeamento de um projeto, os responsáveis devem ter uma visão clara dos objetivos e considerarem, por exemplo, se os meios de transportes na área não irão sofrer com o novo empreendimento. 

“Quando a situação epidémica começou a melhorar em Macau, Hac Sa estava cheia de gente, havia imenso trânsito na zona. Não é, seguramente um local apropriado para uma grande atração turística”, defendeu.

Porém, a deputada disse apoiar a vontade do Governo em criar espaços de entretenimento para os mais jovens, dando resposta à procura locais para parques. 

“Todos os parques em Macau são iguais. Não há espaços interessantes onde as crianças possam brincar. Um parque de aventuras iria oferecer aos mais pequenos mais opções. No meu tempo íamos para o Parque Municipal da Colina da Guia brincar, esse era então o melhor sítio”, recordou.

Ron Lam, também em declarações ao PLATAFORMA, lembrou que o parque de diversões anunciado “não é nada de novo”, tendo-lhe sido colado apenas a expressão “classe mundial”, “talvez indevidamente”. 

Adiantou acreditar que a população não se opõe à criação de espaços abertos como esse, manifestando o apoio à decisão do IAM de aumentar o número de infraestruturas verdes e espaços abertos.

“Penso que o Governo deve iniciar projetos que sejam úteis para o público. Estamos a assistir a um número crescente de nascimentos. Quer seja escolas ou espaços recreativos para crianças, tudo tem de ser aumentado”, defendeu.

Ron Lam afirmou ainda que, em comparação com governos anteriores, “este parece muito ativo na resposta às necessidades da população, fazendo planos úteis, mas não demasiado elaborados”. 

“As autoridades devem ser mais pragmáticas, comunicando com a população em vez de discutir”, concluiu. 

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