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“Uma atitude positiva faz um bom chef”

Solange Safrão

O chef Roshan Senanajake, auxiliar do restaurante Mistral do Sofitel hotel em Macau partilhou com o Plataforma de Sabores a experiência na cidade e a sua relação com a gastronomia macaense. Admitiu que a primeira vez que ouviu falar da cidade foi quando foi convidado para trabalhar no território. 

A carreira entre cozinhas, tachos e fogões aconteceu bem cedo. Com apenas 15 anos. Nessa idade já gostava de cozinhar e em 2003 decidiu dar mais um passo na profissão. Entrou na escola de culinária em Colombo, capital do Sri Lanka. 

“Comecei a trabalhar num restaurante pequeno em Colombo. Em 2007 decidi ir trabalhar para Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos”, indicou, deixando assim para trás Colombo, a sua cidade natal.

Manteve-se nos Emirados Árabes Unidos durante nove anos. Reconheceu que foi em Abu Dhabi que aprendeu e se desenvolveu “muito como chef”. Esta passagem pelos Emirados serviu igualmente para cruzar-se e conhecer outros profissionais de diferentes culturas e nacionalidades.  

“Em Abu Dhabi, trabalhei no hotel Crowne Plaza. Os meus colegas eram de diferentes lugares do mundo e isso tornou o trabalho interessante e diversificado. Aqui em Macau, é diferente. A maioria dos funcionários da cozinha são chineses e, por isso, tento no máximo entender a mentalidade chinesa para poder comunicar melhor com eles”, explicou. 

O chef Roshan confessou ainda que nunca tinha ouvido falar de Macau antes de receber a proposta de vir trabalhar para a cidade. “Quando fui convidado para vir trabalhar para o território pesquisei no google e gostei do que vi sobre Macau”, lembrou. 

Há apenas cinco meses a viver em Macau, Roshan Senanajake confessou que vai provando, sempre que é possível, comida chinesa local e alguns pratos macaenses. 

“Já provei pratos macaenses na Taipa. Não consigo lembrar-me em concreto dos nomes, mas adorei a comida, os sabores, e gostei dos mariscos”, disse. 

Roshan contou igualmente que partilha o apartamento com alguns chefs de cozinha que também trabalham na cidade.

“Em casa, a cozinha é fundamental. Habito com outros chefs, um deles um italiano. Há poucas complicações e em geral termos um bom ambiente e uma relação divertida. Costumamos competir mensalmente para ver quem cozinha melhor”, contou com um sorriso. 

Confessou apreciar diferentes tipos de comida e por isso foi difícil dizer qual a que mais gosta. No entanto, o chef Roshan disse identificar-se “muito com a culinária asiática” e um apreciador de mariscos, sendo uma das suas preferências confecionar pratos com frutos do mar. 

Recuando no tempo, o chef recordou que nasi goreng foi o primeiro prato que aprendeu a fazer. “Lembro-me que aprendi a prepará-lo na escola de culinária e fui para casa repetir e experimentar a receita. Não saiu tão bem nessa altura”, lembrou. 

Nasi goreng é um prato de origem indonésia, de arroz frito com carne e legumes. É muito popular na Malásia e assemelha-se ao arroz chau chau, o arroz frito chinês. 

No restaurante Mistral teve de fazer “algumas adaptações e variações” a alguns pratos para os ajustar ao paladar local. Confessou que, “com muita diligência” tenta sempre preparar os pratos com algum toque especial. Assegurou igualmente que aposta na inovação em especialidades gastronómicas mais conhecidas como o sushi e sashimi. 

“Tive de analisar e identificar os gostos dos clientes chineses. Reparei que eles gostam de mariscos e de comidas do sul da Ásia. Por isso aqui também confecionamos pratos da Sri Lanka e indianos”, esclareceu. 

O desperdício de alimentos é um problema grave e mundial. A crise económica global causada pela pandemia do covid-19 tornou todos mais conscientes de que é preciso poupar alimentos e criar menos desperdício alimentar.

“Sabemos que temos de poupar comida e evitar o desperdício. Nós que trabalhamos com alimentos temos feito a nossa parte. Preparamos sempre comida de acordo com o número de clientes. Com os pratos quentes costumamos usar os mesmos temperos para evitar deitar fora”, explicou. 

Chef Senanajake reconheceu igualmente gostar da profissão escolhida e do trabalho que executa. Adiantou que costuma ensinar os familiares a cozinharem quando esta de férias e, para si, para se ser “um bom chef tem de se ter uma atitude otimista e positiva”. “Um bom chef é organizado, e tem de ter zelo pela cozinha e pela comida”, acentuou. 

Concluiu assinalando que tem “gostado muito” da experiência em Macau assim como das pessoas que considerou “muito educadas e generosas”, reconhecendo que não tem enfrentado “grandes desafios na sociedade” local. 

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