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Empresa de Macau coopera com agricultores africanos

Johnson Chao

“A estratégia da empresa é simples. Emprestamos dinheiro a agricultores e no final do ano pagam-nos em grãos de café”. John Lo Seng Chung, presidente do Grupo Macau Excelente International, explica assim ao PLATAFORMA a estratégia e o plano seguidos pela empresa em para os próximos anos. Em ligação com uma equipa técnica em Portugal têm-se realizado deslocações de trabalho a diferentes países africanos de língua portuguesa, oferecendo formação sobre como produzir e comercializar café em grão. Porém, devido à pandemia global do novo coronavírus, estes planos estão temporariamente suspensos. John investe em países lusófonos da África Ocidental há mais de uma década, nomeadamente, na Guiné-Bissau e em São Tomé e Príncipe, mas a instabilidade política, nalguns casos, tem afetado o respetivo desenvolvimento. “A última década na Guiné-Bissau tem sido politicamente instável. Tentei, repetidamente, executar alguns planos de maior envergadura, mas acabei por não avançar com grandes investimentos”. A empresa tem na Guiné-Bissau um edifício e um negócio relacionado com a produção de arroz, mas pretende alargar a ação à compra de óleos vegetais e sementes de moringa (acácia branca) para proceder à respetiva análise química para eventual futura comercialização.

Café para combater a pobreza
Já em relação a São Tomé e Príncipe, tal como a Guiné-Bissau também uma antiga colónia portuguesa, o plano passa pelo investimento num pequeno hotel, o arrendamento de terrenos públicos e a oferta de empréstimos a agricultores locais para a produção de café. Já tem uma equipa em Portugal que se desloca a África para orientar os agricultores durante a produção e para torrarem o grão e embalá-lo.

“Os portugueses possuem vantagem, os locais dão-lhes ouvidos e são mais produtivos sob a essa liderança. Por isso procurámos uma equipa portuguesa para cooperar connosco, e até agora tem sido uma experiência positiva”, adianta. 

O empresário esclarece que a produção de café na região tem uma história de mais de 150 anos, e por isso resultam em produtos de alta qualidade. 

Todavia, assinala, devido à localização remota (no meio do Atlântico, frente à costa ocidental africana, em plena linha do equador), o transporte é um problema. Este ano, devido à pandemia, a ciclo de transportes foi também suspenso, dificultando ainda mais o embarque dos produtos.

“Este ano o custo do frete marítimo cresceu entre 30 a 50 por cento, e o transporte aéreo mais do que duplicou, além do mais, estes não são produtos essenciais, por isso todos os planos estão parados”, lamenta.

John Lo Seng Chung indicou ainda que tem um projeto semelhante a funcionar em Yunnan. Sudoeste da China. Ali tem alugado um terreno onde agricultores locais, a quem concede empréstimos, produzem café, posteriormente enviado para a Europa, onde todos os anos são consumidas centenas de toneladas: “Este é também um bom programa de combate à pobreza, ajuda o país no objetivo de atenuação da pobreza e oferece-nos uma boa oportunidade de negócio”, justifica.

A empresa desenvolveu também as próprias cápsulas de café, com grãos torrados e embalados localmente para venda em Hong Kong, em Macau e no continente. Diz que esta experiência tem, até ao momento, “recebido uma boa reação do público”. 

Área de Cooperação de Hengqin
John Lo Seng Chung falou também do papel de Macau enquanto plataforma para as relações entre a China e os países de língua portuguesa, nos quais tem realizado alguns investimentos nos últimos anos.

O empresário considera ainda que o nível de entrada exigido no Fundo de Cooperação e Desenvolvimento China-Países de Língua Portuguesa (Fórum Macau) é muito alto. 

“São necessários no mínimo 10 a 20 milhões de dólares, um valor de investimento que causa preocupação a qualquer um”, diz. 

John Lo Seng Chung entende que, para pessoas que fazem empréstimos hipotecários para investir em outros países, “os bancos de Macau possuem uma posição altamente conservadora”. 

Já sobre a futura Zona de Cooperação de Hengqin entre Guangdong e Macau, aguarda que os produtos com origem em países lusófonos possam estar isentos de impostos, visto que a maioria do que chega desses países, excluindo Portugal e Brasil, “são matérias-primas para processamento”. 

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Meio de comunicação social generalista, com foco na relação entre os Países de Língua Portuguesa e a China

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