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O vírus não desaparece

Guilherme Rego*

A China, o exemplo mundial na luta contra a pandemia da Covid-19, começa a ver um ressurgimento preocupante de casos positivos.

Tudo começou em Wuhan, possivelmente no mercado de marisco de Huanan. A 31 de dezembro a OMS – Organização Mundial de Saúde – foi notificada por causa de um surto de pneumonia atípica na região. A 31 de janeiro o mercado foi encerrado.

A 23 de janeiro, apercebendo-se da gravidade do caso, o Governo chinês toma uma decisão: Wuhan e outras cidades da província de Hubei são obrigadas a fazer quarentena indefinida.

Estou em Macau, uma das primeiras regiões a ser afetadas pela tragédia de Wuhan. Durante semanas testemunhei um sentimento de invencibilidade, de superiodade com que a maioria dos países escolheu enfrentar o surto. Na Europa, quando a Itália se tornou no segundo maior foco de Covid-19, o problema ficou sério.

Mas, no final de contas, é normal não saber como lidar com um vírus que nunca combatemos. É normal ignorar os sinais óbvios. O que não é normal, é não aprender com as medidas já implementadas. Recorrer a outras, que continuam a não dar frutos. Há casos gritantes e que ainda são exemplos vivos, como o Brasil.

Ficou provado que as economias, sejam elas quais forem, não têm músculo para aguentar o peso que a pandemia coloca em cima. A reabertura é um passo inevitável para todos

Acontece que a China, depois de vários dias com um número de infetados muito reduzido ou mesmo nulo, começou a respirar de novo. As fortes restrições impostas pelo governo começaram a dar vida às rotinas diárias do período pré-Covid. Sempre com cuidado, sempre com os olhos postos num possível ressurgimento.

E reapareceu! Pequim, a capital do país, tem nos braços mais de 50 casos confirmados, ligados também a um mercado de venda de produtos alimentares frescos. Ao que parece, todo o cuidado foi pouco.

O vírus não desaparece. Temos de começar a habituarmo-nos a ele. Ficou provado que as economias, sejam elas quais forem, não têm músculo para aguentar o peso que a pandemia coloca em cima. A reabertura é um passo inevitável para todos.

É necessário saber como lidar com o vírus, no entanto. Habituarmo-nos não é sinónimo de retomar as rotinas diárias pré-Covid. Tem de se evitar riscos desnecessários, utilizar máscara, lavar as mãos frequentemente, etc.

Desconfinar é o processo natural. Os bloqueios, as restrições, estancaram a ferida. Agora é preciso tratar dela, por meio de uma vacina que todos esperamos ansiosamente ou de um tratamento realmente efetivo. Entretanto, devemos permitir-nos a viver, recuperar os empregos, revitalizar o que se perdeu.

*Jornalista no Plataforma

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Meio de comunicação social generalista, com foco na relação entre os Países de Língua Portuguesa e a China

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