1. Epidemias e pandemias integram a história da Humanidade como os ciclos de pânico financeiro, as crises económicas, os conflitos armados, as assimetrias insuperáveis.
2. Um vírus opera, nestas circunstâncias, como um grande nivelador: a existência não é um direito garantido, nem um dado adquirido para ninguém. Simultaneamente, revela sem disfarce as desigualdades entre circunstâncias pessoais e realidades sociais.
3. A elevada letalidade de fenómenos inesperados, e de doenças conhecidas, torna clara a necessidade de caminhos de investigação e de decisões políticas que erradiquem o défice de uns serem mais iguais que outros perante as mesmas circunstâncias.
4. Afirmações extremas e declarações definitivas podem preencher o espaço público – sobre a forma da opinião dos grandes grupos, pronunciamentos ideológicos, fenómenos de histeria coletiva ou pressão social – mas não deixam de ser apenas declarações de intenções e filtros sobre os quais permanecem escondidos os reais problemas.
5. A presente crise evidencia a inutilidade de qualquer debate ideológico em torno de questões de vida e de morte. Estas estão para além de intenções, programas e engenharia social.
6.a) O fim do mundo como o conhecemos não é para amanhã; b) o futuro irá chegar sob formas inimagináveis no presente.
7. As grandes crises revelam o melhor e o pior em cada um e em todos.
8. Numa crise, o sentido da esperança prevalece, mesmo que difuso e indefinido, sobre o inevitável e o irremediável.
9. Todas as crises têm vencidos e vencedores. Em diferentes planos. Consoante quem forem se verá se foram ou não aprendidas as lições necessárias.
10. Após o momento excecional de uma crise, a normalidade regressa sem contemplações e sem memória do dia anterior. Até à próxima crise.