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INFORMAÇÃO MEDIEVAL

Ouço música, divago na estratosfera que os soundbeats libertam; sinto, intuo… citam-me o porta-voz chinês dos Negócios Estrangeiros: nega a conspiração norte-americana. Está lúcido, baixa o ódio na terra. Deito as mãos ao céu, respiro fundo… logo arrepio com um post dos Anonymu: na Primeira Guerra Mundial, a “gripe espanhola” surge na trincheira francesa, mas é escondida. A vizinha Espanha, livre da guerra, assume a pandemia… ainda hoje paga o nome gravado na desgraça. Passo os olhos pelo mundo: governos à deriva, desinformação, mentiras em vídeo… Assalta-me a evidência: estamos na era pós-medieval. A intuição é de Alexandre Marreiros – agradeço a partilha. A informação é tanta, tão solta, tão manipulável… a velocidade é tal que a liberdade desvirtua a informação. Humberto Eco enrolaria a tripa. Já não se esconde “O Nome da Rosa”; mostra-se a falsidade, glorifica-se o interesse, contamina-se tudo com o dogma, a eugenia ideológica, a irresponsabilidade social… A “rosa” tem mil nomes. Não há verdade.
Há muito tempo a física quântica arrasara a soberba: se o pressuposto não é verificável, a tese é sempre relativa. Mas havia cauda filosófica, convicções, valores… a era da ética: se ninguém tem razão, aceitamo-nos uns aos outros. Até isso se vai… sente-se! Estou como Alvin Tofler, que deslumbrou o mundo ao anunciar a “Terceira Vaga”, a da tecnologia: “Já não sei em que vaga vamos; isto é tudo muito rápido, perdime…” Penso na ética da governação: sombra da civilização. Tofler volta-me à cabeça: “Os analfabetos do século XXI não serão os que não souberem ler ou escrever, mas os que não souberem aprender, desaprender e reaprender.” Não sei quantas dimensões tem o universo, nem quantos universos tem a informação. Sei as regras que cumpro na vida, no jornalismo, neste jornal: partilhamos. Na dúvida, agarramos a ética. Mas é preciso mais… Sócrates renasce das cinzas: urge saber que não sabemos. É pôr o ego na ordem – reaprender a aprender.

Paulo Rego 20.03.2020

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