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Outro tipo de felicitações

dia 1 de outubro deste ano marcou o 70º aniversário da criação da República Popular da China. O país recebeu várias mensagens de parabéns nesse dia, incluindo do Ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão, Mohammad Javad Zarif, que escreveu nas redes sociais, em chinês, o seguinte: “Este dia marca o 70º aniversário da República Popular da China. Ao longo dos últimos 70 anos a China tornou-se num símbolo de um desenvolvimento pacífico com o bem-estar da população, e o apoio ao multilateralismo tem assumido um papel importante na promoção da segurança e paz internacionais. A relação estável entre a China e o Irão é um exemplo de uma ligação positiva entre duas antigas civilizações do Oriente, e por isso quero em nome da população iraniana desejar um feliz 70º aniversário à República Popular da China e à sua população”. 

Zarif é um sucesso online, mais fluente em inglês do que em persa. Usa maioritariamente a língua inglesa nas redes sociais em interações com pessoas como o presidente norte-americano Donald Trump, John R. Bolton e Mike Pompeo. É também o primeiro Ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano a desejar os parabéns em chinês, o que é particularmente interessante no nosso contexto atual, e tendo em conta o conteúdo da mensagem. 

1: Elogiou a China como símbolo de um desenvolvimento pacífico que garante o bem-estar da população; 2: Acompanhando este elogio, lisonjeou ainda a dedicação da China ao multilateralismo e o seu papel na promoção de segurança e paz internacionais. Um papel “importante” e que deixa o Irão com expetativas ainda mais altas face à China; 3: No que diz respeito à relação entre dois países, deixou bem claro que a relação bilateral atual representa um “bom sinal”. A relação de amizade dura há muito tempo, sem qualquer conflito de interesses; 4: Por fim, acrescentou ainda desejos de felicidade, mas não de uma forma qualquer, pois escolheu fazê-lo em chinês. 

Com o atual contexto do Médio Oriente, os EUA estão a assumir uma atitude mais severa contra o Irão. Trump saiu do acordo nuclear com o país, enviando grandes navios de guerra para o Golfo Persa. Chegou até mesmo a dizer que não iria permitir mais aquisições do petróleo iraniano. 

Naturalmente, houve uma reação do lado iraniano, que passou por reiniciar atividades de enriquecimento de urânio. E apesar da constante negação por parte do lado iraniano, os ataques a tanques de petróleo na região do Golfo, independentemente do culpado, influenciaram negativamente a produção de petróleo da Arábia Saudita, o que é benéfico para o Irão. 

Os EUA demostram a força militar, o Irão também, e a Arábia Saudita a capacidade de resistência. Mas a guerra é algo imprevisível, e assim que começar, todo o Médio Oriente entrará em conflito. A Arábia Saudita quer lutar, porém já foi humilhada várias vezes pelo irmão mais velho, o Irão. Este último, pelo facto de a guerra com o Iraque ter destruído a sua geração mais jovem, não tem interesse em conflitos. E, por último, os EUA são demasiado fortes, tendo a capacidade de destruir um regime de outro país. Nenhuma das partes quer lutar, mas este impasse está a evoluir para uma guerra. Com tudo isto em conta, Zarif está atualmente com duas grandes questões em mão. A primeira, reprovar os EUA e elogiar o Irão no atual contexto internacional. A segunda, viajar pelo mundo, especialmente para países poderosos como a China e a Rússia, e procurar apoio internacional, e por isso tem-se encontrado várias vezes com oficiais chineses. Isto explica a sua situação atual, procurando apoio chinês e até desejando pessoalmente os parabéns no dia nacional chinês. Sendo esta a primeira vez que tal acontece, podemos imaginar a sinceridade.  

David Chan 11.10.2019

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Meio de comunicação social generalista, com foco na relação entre os Países de Língua Portuguesa e a China

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