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Ainda é cedo para declarar paz na península

Uma semana depois, a península coreana volta a ser o centro da atenção do mundo. No dia 27 de abril, os líderes das duas nações coreanas, Kim Jong-un e Moon Jae-in, tiveram um encontro histórico em Panmunjeom, na Linha de Demarcação Militar entre os dois países. Foi durante esta visita que foi assinada uma declaração conjunta, onde ambos os líderes se comprometeram a cessar de imediato todas as atividades hostis. Depois do assinar da declaração, no primeiro dia deste mês, ambos os países desligaram oficialmente as colunas que tinham nas fronteiras a emitir música e mensagens políticas.

Segundo a declaração, ambos os países irão trabalhar em conjunto para assinar um acordo de paz ainda este ano, que irá por um ponto final na guerra coreana. As duas nações irão depois trabalhar no sentido de uma coexistência pacífica. Também serão feitos esforços para a realização de diálogos trilaterais (entre Coreia do Norte, Coreia do Sul e Estados Unidos) ou quadrilaterais (entre Coreia do Norte, Coreia do Sul, Estados Unidos e China), com o objetivo final de total desnuclearização.

O anunciar deste acordo, depois da reunião entre os dois líderes, recebeu louvores de toda a comunidade internacional, com a esperança de que este seja o primeiro passo no caminho para a paz na península. Até o próprio Donald Trump admitiu no Twitter que esta era uma boa notícia para o mundo inteiro. Hua Chunying, vice-diretora do Ministério dos Negócios Estrangeiros da República Popular da China, comentou: “Aplaudimos este passo histórico dado pelos líderes coreanos. A sua coragem e determinação política devem ser admiradas”. A própria acrescentou ainda que “conflitos nunca separam irmãos, basta um sorriso para destruir qualquer rancor”, referindo-se a um verso normalmente usado para descrever a relação entre a China e Taiwan. A vice-diretora elogia este encontro e espera que esta ocasião dê início a uma nova jornada de paz e estabilidade na península.

Uma semana depois, após o lado norte-coreano ter declarado que irá abandonar o seu programa nuclear, incluindo o teste nuclear em Punggye-ri agendado para este mês, media e peritos esperam agora que se realize o encontro marcado entre os EUA e Coreia do Norte. O desejo é de que Trump não abandone a reunião, e assuma também o objetivo de desnuclearização. Este encontro está planeado para entre o final deste mês e o princípio de junho, e para já ambos os intervenientes demonstram estar empenhados em concretizá-lo.

Claramente, um dos principais temas deste encontro será o abandono de armas nucleares por parte da Coreia do Norte como forma de atingir paz na península. Todavia, será que a ideia de desnuclearização para os EUA e para a Coreia do Norte são a mesma? Espera-se que pormenores como o método e programa desta desnuclearização sejam decididos durante esta reunião. Porém, todos sabemos claramente que os EUA estão já há muito tempo a tentar suprimir a Coreia do Norte, e que a questão nuclear é apenas uma desculpa. Ultimamente, outro objetivo do país tem sido também reprimir o crescimento chinês e o avanço russo no oriente, por isso a desnuclearização norte-coreana irá, pelo contrário, trazer problemas para o exército norte-americano no nordeste asiático, podendo levar até a que as tropas tenham de se retirar. Durante a reunião entre os EUA e a Coreia do Norte, entre ambas coreias e os EUA, ou até entre os três anteriores e a China, os EUA irão, concerteza, fazer esforços para adiar a desnuclearização da península. Recentemente, foi até proposto que seja utilizado o mesmo modelo da Líbia, porém, alguns salientaram as semelhanças entre este e o modelo proposto ao Iraque pelos Estados Unidos. A esperança é que Kim Jong-un se lembre dos casos de Muammar al-Gaddafi e Saddam Hussein, e por isso, pondere mais esta questão nuclear, para que os EUA possam permanecer a longo prazo no nordeste asiático. Por esta razão, mesmo que os EUA demonstrem o seu apoio ao desarmamento nuclear norte-coreano e à desnuclearização da península coreana, na realidade o seu desejo é outro. Apesar do esforço de Moon Jae-in e Kim Jong-un para trazer paz, prosperidade e união à península, esta ainda é uma meta longínqua.

DAVID Chan  04.05.2018

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