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Literatura chinesa é “um território por descobrir”

O 1º Fórum Literário Portugal-China juntou os escritores Su Tong, Zhang Wei, Chi Zhijian, Gonçalo M. Tavares, José Luís Peixoto e Dulce Maria Cardoso por um dia, no passado dia 7, no Centro Científico e Cultural de Macau em Lisboa. Espera-se uma segunda edição em Pequim, que a parte chinesa pretende que ocorra em 2018. E mais traduções de parte a parte.

O encontro permitiu pôr os escritores convidados a discutir o papel do autor na sociedade, e formas de inclusão possibilitadas pela literatura. Permitiu ainda que a Associação de Escritores da China e a Direção Geral do Livro, Arquivos e Biblioteca de Portugal apresentassem a um conjunto de editoras portuguesas os respetivos apoios à tradução. 

A literatura chinesa é “um território por descobrir” em Portugal. Luís Filipe Castro Mendes, ministro da Cultura português, fez a constatação. A Feira do Livro de Lisboa, a decorrer por estes dias, foi uma amostra da realidade: dos autores chegados de Pequim apenas Su Tong teve exemplares traduzidos das suas obras para ver num passeio integrado nas atividades deste primeiro fórum. Castro Mendes reconheceu a necessidade de haver mais traduções, e citou de cor, com um elogio, o nome daquele que diz ter feito mais pela tradução de autores portugueses para chinês: Yao Jinming, poeta e tradutor em Macau, com ‘nome de pena’ Yao Feng.

Que a literatura portuguesa seja um território por descobrir na China já não é bem verdade. “A literatura portuguesa é conhecida da China há muito tempo”, com a primeira vaga de traduções a datar de 1949, interrompida pelo período da Revolução Cultural. “Especialmente, após 1978, com a reforma económica, a tradução de obras literárias portuguesas teve uma nova fase”, descreveu Tie Ning, a mais jovem e primeira mulher presidente da Associação de Escritores da China, autora, e com assento no comité central do Partido Comunista Chinês. Os neorrealistas Soeiro Pereira Gomes e Fernando Namora foram alguns dos primeiros escritores que interessaram à Nova China da segunda metade do século XX. A estes se juntaram nomes como José Saramago ou Fernando Pessoa, e muitos outros mais tarde.

Da lista de autores do primeiro Fórum Literário Portugal-China, apenas Dulce Maria Cardoso está por traduzir para o chinês. E sê-lo-á “em breve”, avançou a organização do evento. A ideia do encontro é que ambos os lados aproveitem apoios e subsídios à tradução existentes para que mais livros, de parte a parte, cheguem aos leitores. O formato é iniciativa da China e segue os moldes de mecanismos semelhantes já criados com outros países.

“Este fórum é um bom veículo para que os escritores chineses e portugueses comuniquem e falem sobre questões de interesse mútuo. Tem por base a nossa experiência de organização de fóruns com outros países, como França, Austrália, Japão, Coreia do Sul e outros. Alguns deles já os realizamos regularmente”, explica ao PLATAFORMA Tie Ning.

A ideia é que o evento se repita no próximo ano em Pequim, mas por enquanto o lado chinês não dá o plano por confirmado. Só a intenção. “Noto que há um grande entusiasmo com este tipo de encontro literário aqui. Alguns são escritores portugueses que nunca foram à China, mas esperam poder visitar o país e manter este diálogo com escritores chineses. É algo muito bom, e esperamos que se realize novamente em Pequim no próximo ano”, diz. Falta ainda a confirmação do envolvimento português.

É a Embaixada de Portugal em Pequim que concentra grande parte das atividades de intercâmbio cultural entre os dois países, com planos desde 2014 para o estabelecimento de um Centro Cultural Português na capital chinesa. Não deverá ser concluído a tempo de uma segunda edição do Fórum Literário Portugal-China, nem há data para que o projeto – que se previa terminado no ano passado – se possa concretizar.

“É um grande projeto que está em marcha e corresponde a uma prioridade do nosso Governo”, limita-se a dizer ao PLATAFORMA o ministro Castro Mendes, em resposta à questão sobre quando estará em funcionamento o centro – simultaneamente na tutela dos Negócios Estrangeiros e da Cultura. 

Maria Caetano

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