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Líder de Taiwan tenta mobilizar bases do DPP na reta final eleitoral

Num dos últimos comícios antes das eleições de 13 de janeiro, a líder de Taiwan, Tsai Ing-wen, tentou defender o legado dos seus oito anos no poder em Taipei, e dar impulso à campanha do seu possível sucessor no Partido Democrático (DPP na sua sigla em inglês), William Lai Ching-te.

Nelson Moura em Taipei

Cerca de 150.000 apoiantes do DPP reuniram-se ontem à noite na Avenida Ketagalan, uma das principais artérias da cidade em frente ao Palácio Presidencial, para apoiar Lai e a sua candidata a vice-Hsiao Bi-khim, à medida que umas eleições muito disputadas se aproximam do seu desfecho final.

As autoridades eleitorais taiwanesas não permitem a publicação de sondagens eleitorais 10 dias antes da eleição, mas segundo as últimas sondagens da Fundação de Opinião Pública de Taiwan, Lai recebe 32,4 por cento das intenções de voto, seguido do candidato do histórico Partido Nacionalista (KMT), Hou You-yi, com 28,2 por cento, e por Ko Wen-je, fundador do Partido Popular de Taiwan (TPP na sua sigla em inglês) com 24,6 por cento.

Numa noite fria em Taipei, vários apoiantes – principalmente idosos ou jovens – do DPP reuniram-se para um dos últimos comícios eleitorais do partido, depois de uma ‘maratona’ que levou Lai às principais cidades da ilha esta semana em campanha.

Após duas horas de concertos e discursos por várias personalidades do partido, Tsai fez a curta viagem do Palácio Presidencial até ao palco para apoiar o seu Vice e agora candidato na corrida.

Eleita pela primeira vez em 2016, Tsai procurou defender o trabalho da sua administração, destacando que “aumentou os salários, reduziu os impostos, reforçou os cuidados de saúde longa duração e os cuidados infantis” e que conseguiu progressos em resolver os problemas de habitação da ilha, precisamente alguns dos temas principais da campanha eleitoral em curso.

Crescente desigualdade, alimentada por salários baixos e elevados preços da habitação são alguns dos temas que mais preocupações causam aos quase 20 milhões de eleitores da ilha.

A líder de Taiwan,Tsai Ing-wen, sobe ao palco, ao lado dos candidatos do DPP às eleições, William Lai e Hsiao Bi-khim

No entanto, como sempre nas eleições com a Formosa, as relações com a China têm dominado o discurso no período que antecede o escrutínio de 13 de janeiro, com os discursos principais do comício a centrarem-se nas relações com a República Popular da China.

A ainda líder de Taiwan logo destacou que a ilha “é o único lugar no mundo de língua chinesa que permaneceu democrático” realçando que quase 20 anos depois das primeiras eleições por sufrágio direto em 1996 “todos os partidos políticos podem agora realizar comícios de campanha nesta avenida, mostrando como Taiwan se tornou democrático.”

O DPP chegou pela primeira vez ao poder na ilha em 2000, depois de quase 50 anos sobe o Kuomintang de Chiang Kai-shek, e tem uma plataforma política centrada numa identidade taiwanesa mais forte e distante da herança da governação do KMT na ilha, centrada na ideia da República da China como o governo legitimo a China, após a derrota em 1949 contra o Partido Comunista Chinês.

Falando depois de Tsai, o candidato do DPP enfatizou que no caso de ser eleito, a sua administração iria dar continuidade aos projetos da atual administração nos domínios da defesa, diplomacia, economia, energia, juventude e educação.

Lai tem repetidamente classificado as eleições como uma escolha “entre a democracia e a autocracia”, enquanto o seu principal adversário, Hou, alertou que o DPP trará Taiwan “mais perto da guerra”.

As relações entre Pequim e Taipei deterioraram-se desde que Tsai Ing-wen, do DPP, assumiu o poder, em 2016. Tsai e o DPP enfatizam uma identidade nacional taiwanesa distinta da China e recusam-se a reconhecer o consenso alcançado em 1992, que afirma a unidade da ilha e do continente chinês no âmbito do princípio ‘Uma só China’.

Na terça-feira, o lançamento de um satélite chinês que sobrevoou o sul de Taiwan deu origem a um alerta de ataque aéreo, emitido mediante altifalantes e enviado para todos os telemóveis.

Abrigo para ataques aéreos em Taipei

No entanto, a versão inglesa do alerta traduziu erradamente “satélite” por “míssil”, o que levou os políticos da oposição a acusarem o governo do DPP de estar a alimentar propositadamente a ansiedade do público a seu favor.

O Governo chinês China apelou ontem aos residentes de Taiwan para que façam a “escolha certa” nas eleições presidenciais de sábado e disse que William Lai constitui um “perigo sério”, devido às suas posições pró-independência.

No seu discurso ontem, Lai sublinhou o seu “compromisso inabalável” para com a soberania de Taiwan e criticou os recentes comentários do anterior líder de Taiwan, Ma Ying-jeou.

Numa recente entrevista à Deutsche Welle, Ma, que liderou a ilha pelo KMT de 2012 a 2016, afirmou que a ilha não tem capacidade de se defender contra o poderio militar da China, e que a única solução para os seus residentes seria confiar boa vontade do Presidente Xi Jinping.

O candidato do DPP considerou esses comentários “inaceitáveis”, e destacou que a paz não “deve depender da própria força dos residentes da ilha e não “da boa vontade do invasor”.

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