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Candidato do KMT quer mais diálogo com Pequim e defende manutenção do ‘status quo’

Hou You-ih, candidato do Partido Nacionalista (Kuomintang ou KMT) nas eleições de Taiwan indicou querer melhorar diálogo com o governo do interior da China para assegurar a paz no estreito.

Nelson Moura

Apesar de afastar qualquer declaração de independência formal, Hou afastou qualquer “decisão unilateral” de reunificação ou aceitação de um modelo “Um País, Dois Sistemas” que não assegure os direitos dos 23 milhões de habitantes da ilha.

Na sua última conferência de imprensa antes das eleições de 13 de janeiro, Hou You-ih, o candidato do KMT e o seu candidato a vice, Jaw Shau-Kong apresentou o seu plano evitar uma guerra com a República Popular da China.

Segundo Hou, a retórica de Pequim tornou-se “crescentemente mais assertiva, culpando a administração do DPP e da Presidente Tsai Ing-wen pela “falta de canais de comunicação diplomáticos”. “Uma das maiores ameaças que Taiwan enfrenta são as tensões militares no estreito. Por isso proponho hoje um plano de dissuasão” o candidato do KMT destacou.

Hou manteve que desenvolver uma força militar forte seria também um método de evitar a guerra no estreito de Taiwan, mas realçou que a “paz precisa de diálogo”. “Vou resumir o diálogo com o outro lado do estreito para evitar possíveis incidentes e ameaças via contactos comerciais e diplomáticos,” indicou o candidato.

Questionando sobre que assuntos gostaria de discutir com o Presidente Xi, o candidato do KMT disse estar aberto a propostas que assegurem a paz na região, mas afastou qualquer “decisão unilateral” no que toca a uma possível reunificação.

“Eu não tenho ilusões irrealistas para as nossas relações, mas mantenho uma abordagem prática. Temos que caminhar o nosso próprio caminho”, destacou.

Nas semanas que antecederam as eleições, pelo menos quatro balões espiões da China foram sobrevoaram diretamente a ilha, e só no ano passado mais de 1.709 incursões da Força Área chinesa foram registados no espaço de defesa aérea de Taiwan.

Nas semanas que antecederam as eleições, pelo menos quatro balões espiões da China foram sobrevoaram diretamente a ilha, e só no ano passado mais de 1.709 incursões da Força Área chinesa foram registados no espaço de defesa aérea de Taiwan Photo by AFP) / China OUT

Face a ameaças militares por parte do Partido Comunista Chinês, Hou indicou que defenderia a ilha, mas preferiu destacar que o governo do DPP tem sido ineficaz em colocar água na fervura e prometeu reforçar as capacidades defensivas das forças armadas de Formosa para qualquer eventualidade.

“É preciso dois para dançar. O DPP não está a enfrentar este problema seriamente e negociar de maneira a reduzir as tensões. Isto reduziu a vontade de colaborar dos dois lados,” destacou.

O candidato criticou as declarações e posições diretamente pró-independência do DPP e do seu candidato William Lai, considerando que aumentam o risco de guerra e destacando que a responsabilidade de um líder é garantir a paz.

“Não vamos provocar guerra através da independência de Taiwan. Prometo assegurar a paz,” sublinhou. Hou destacou também os seus “35 anos de experiência como polícia” para manter a “paz e a ordem” na região. O candidato afirmou também que iria garantir os direitos dos cidadãos taiwaneses no interior da China através de gabinetes de ligação.

Segundo as últimnas sondagens divulgadas, Hou mantinha-se a poucos pontos percentuais atrás do candidato do DPP nas últimas sondagens. Questionado sobre uma reunificação sobre o modelo “Um País, Dois Sistemas”, Jaw Shau-Kong, candidato a vice pelo KMT, considerou a aplicação do princípio em Hong Kong como “um falhanço”.

No que toca às relações com os Estados Unidos e a China, Hou defendeu “uma plataforma de diálogo” que respeite a soberania de todos os lados.

“Os Estados Unidos não defendem a independência de Taiwan. Eu não defendo a independência de Taiwan tal como não defendo a adesão ao Um País, Dois Sistemas. Eu defendo a estabilização de relações no Estreito em cooperação com os Estados Unidos,” destacou Hou.

No entanto, o candidato do KTM admitiu que o ‘status quo’ é hoje em dia diferente e o risco de guerra é elevado, avisando que incidentes como o recente alerta de míssil na ilha poderia despoletar um confronto se não existissem canais de diálogo.

“Na minha definição de status quo Taiwan é um agente de paz, mas também não queremos incursões regulares da Força Aérea chinesa no nosso espaço aéreo. Acredito podermos reduzir as tensões na região,” destacou.

A 9 de janeiro o Ministério da Defesa de Taiwan enviou hoje uma mensagem por telemóvel aos residentes da ilha a alertar para um “ataque aéreo”, após Pequim ter anunciado o lançamento bem-sucedido de um satélite.

O alerta que apareceu automaticamente nos ecrãs dos telemóveis dos residentes d ilha avisava que um míssil estaria a sobrevoar o espaço aéreo de Taiwan, e apelou à população para “ter cuidado”.

O KMT acusou a administração Tsai de orquestrar o incidente como modo de transferir o foco das eleições para as tensões com a China como método de ajudar a campanha do DPP. O Governo de Taiwan veio depois a emitir um comunicado em que desmentia qualquer “intenções políticas” e atribuiu o incidente a um problema de tradução.

 

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