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Recuperação económica não afeta todos da mesma forma

Um inquérito a mais de 3 mil trabalhadores revelou que 75 por cento não tem aumentos desde a pandemia e 20 por cento viu o seu salário cortado, contrastando com a mensagem de recuperação económica ecoada pelo Governo. Olhando para a mediana dos salários entre 2019 e 2023, em quase todos setores de atividade a variação é positiva, apesar de residual. A exceção à regra é a Administração Pública, onde a mediana subiu 6.000 MOP

Nelson Moura

Esta semana a Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) e a Associação Económica de Macau publicaram os resultados de um estudo ao ambiente laboral da cidade. O ‘Inquérito à Situação de Emprego em Várias Indústrias de 2023’ envolveu 3.115 trabalhadores, com respostas dadas ao longo do ano.

Segundo o estudo, 75 por cento dos entrevistados não recebeu nenhum aumento salarial desde a pandemia, com 20 por cento a indicar ter visto os seus salários reduzidos. Apenas 7,6 por cento dos inquiridos receberam aumentos.

Entre aqueles que viram os salários cortados, os do sexo masculino tiveram reduções de 21,7 por cento e do feminino de 18,4 por cento. Os setores mais afetados foram o dos transportes, indústria transformadora, gestão de propriedades, MICE, e comércio grossista e retalhista.

“Quanto mais escolarizados são os inquiridos, menor é a percentagem dos seus cortes salariais”, concluiu o estudo. Destaca também que os inquiridos entre os 46 e os 66 anos estavam particularmente preocupados com a dificuldade de reingressar no mercado laboral, já que tipicamente receberem salários mais elevados.

Só dois setores desceram

Segundo dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), a mediana do rendimento mensal entre o terceiro trimestre de 2019 e 2023 aumentou 1.000 patacas (MOP), passando de 17.000 para 18.000 MOP. É preciso destacar que a população empregada desceu de 387.100 para 369.300 nesses quatro anos.

O setor das ‘lotarias e outros jogos de aposta’, que emprega o maior número de pessoas no setor privado, reportou um aumento da mediana de 500 MOP, passando para 20.500 MOP.

Entretanto, os setores de comércio por grosso e a retalho, bem como dos hotéis, restaurantes e similares, que a seguir ao jogo empregam a maior parte da população, viram a sua mediana salarial subir 12 por cento, para 14.800 MOP, e 9,6 por cento, para 12.500 MOP, respetivamente.

Já o setor da saúde e ação social teve uma variação positiva de 2.000 MOP, estando agora em 24.000 MOP.

Das principais indústrias empregadoras da cidade, apenas o setor da construção e das atividades imobiliárias e serviços prestados às empresas registaram uma descida na mediana salarial entre 2019 e 2023 – uma queda de 1.000 e 500 MOP, passando as medianas para 15.000 e 10.600 MOP, respetivamente.

Administração Pública com maior volume salarial

A verdade é que nenhum dos setores se compara à subida apresentada pela Administração Pública. A mediana salarial aumentou de 45.000 para 51.000 MOP entre 2019 e 2023, sendo de longe a maior variação em Macau.

Como reportado pelo PLATAFORMA na semana passada, os gastos com pessoal representaram 26 por cento da despesa pública de Macau no ano de 2022, a maior fatia do orçamento público.
O setor mais próximo da Função Pública é o da Educação, com uma mediana salarial de 27.000 patacas – inalterada desde 2019.

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