Nas avenidas de Shenzhen, o ‘hub’ tecnológico situado no sudeste da China, os carros elétricos estão a ultrapassar os veículos de combustão interna, ilustrando a acelerada transição do país para a dianteira da indústria automóvel.
Em Shennan, a larga artéria de dez faixas que atravessa a densa malha de arranha-céus do distrito financeiro da cidade – o edifício mais alto é o Ping An Finance Center, com 550 metros -, os automóveis com matrículas verdes, marca que distingue os elétricos dos veículos de combustão interna, são já predominantes.
“Temos uma das mais altas taxas de penetração do mundo”, assegurou o presidente da câmara, Qin Weizhong. O objetivo é alcançar 1,3 milhões de unidades até 2025, apontou.
A cerca de 10 000 quilómetros, em Bruxelas, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou esta semana uma investigação sobre os subsídios que a China concede aos seus fabricantes de veículos elétricos. “Os mercados mundiais estão inundados de veículos elétricos chineses mais baratos e o seu preço é mantido artificialmente baixo graças a enormes subsídios estatais”, explicou, num discurso sobre o Estado da União.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou esta semana uma investigação sobre os subsídios que a China concede aos seus fabricantes de veículos elétricos.
Especialistas ouvidos pela agência Lusa contrapõem que o problema consiste nas “estruturas excessivamente pesadas e lentas” dos grupos europeus para se adaptarem a uma indústria que está a sofrer profundas transformações. A investigação anunciada esta semana “indica receio” de que os europeus não vão conseguir competir no segmento elétrico, dizem.
“A Europa adormeceu e não acreditou que a China fosse capaz de desenvolver o setor automóvel”, afirmou Carlos Martins, que dirige uma fábrica da empresa portuguesa de componentes para automóveis Sodecia, na cidade de Dalian, no nordeste chinês.
Em declarações à Lusa, o português, que vive na China há dez anos, destacou a velocidade “completamente diferente” de atuar dos fabricantes locais de carros, em contraposição com as congéneres europeias, que têm estruturas organizacionais “muito pesadas” e que levam “muito tempo” para executar modificações.
“Demoramos muito a adaptar-nos”, descreveu. “Temos estruturas muito pesadas, que estão habituadas a funcionar num mercado maduro, onde a competição já está mais ou menos definida entre dois ou três grupos”, disse.
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