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“Temos vindo a investir esforços para atrair mais profissionais ou empresas dos países lusófonos para Hengqin”

Em entrevista ao PLATAFORMA, António Lei Chi Wai Director dos Serviços de Desenvolvimento Económico de Hengqin aponta que o número de empresas de Países de Língua Portuguesa estabelecidas em Hengqin ainda é escasso. Para resolver o vazio, a Zona de Cooperação tem apostado em contactos com câmaras de comércio e instituições lusófonas. Investigação tecnológica, medicina chinesa, cultura e turismo são apontados como áreas com maior potencial de cooperação

Viviana Chan e Nelson Moura

– Pode revelar-nos se haverá mais políticas de apoio e de subsídios a serem lançadas na segunda metade deste ano? Estarão algumas destas relacionadas com empresas dos PLPs?

António Lei – No que resta deste ano, iremos promover activamente o lançamento de políticas destinadas à indústria de ciência e tecnologia, de talentos e de comércio, entre outros. Quanto a empresas dos PLPs, estamos a estudar e formular políticas para reforçar o intercâmbio e a cooperação em ciência e tecnologia com os países lusófonos. O nosso objectivo é atrair o interesse de ainda mais empresas dos PLPs em desenvolverem-se na Zona de Cooperação Aprofundada, e reforçar assim o intercâmbio e a cooperação entre a China e os PLPs.

“Os PLPs apresentam capacidade e experiência na investigação, no desenvolvimento e na inovação

de ciência e tecnologias”

Quanto ao mercado lusófono, há pouco tempo, a Direção dos Serviços de Desenvolvimento Económico de Hengqin e o Instituto de Desenvolvimento Económico e Tecnológico de Macau, juntamente com o Instituto de Ciência e Tecnologia de Zhuhai, assinaram um acordo de cooperação tripartida para a criação de um centro de intercâmbio científico e tecnológico dos países de língua portuguesa em Hengqin. Espera-se que, através deste centro, mais empresas do sector tecnológico sejam atraídas para Macau e Hengqin. Para além de assegurar a oferta dos espaços, estamos também a preparar as medidas de apoio. Temos um sistema de parceiros de investimento, um dos quais é a Câmara Luso-Chinesa de Pequenas e Médias Empresas, da qual Chow Yi Ping é o presidente. Esperamos que, através da rede da Câmara em Portugal, possamos atrair mais empresas portuguesas para se desenvolverem em Macau e Hengqin.

– Até à data, quantos profissionais ou empresas dos PLPs já se estabeleceram em Hengqin? Que empresas manifestaram interesse em desenvolver as suas actividades em Hengqin?

A.L. – Actualmente, não há muitas empresas dos PLPs estabelecidas em Hengqin, mas temos vindo a investir esforços para atrair mais profissionais ou empresas de países lusófonos, através da organização de eventos e de acções de captação de negócios e investimentos, entre outros meios.
Em Abril e Junho deste ano, em colaboração com Macau, formámos uma delegação conjunta de captação de investimentos e viajámos até Lisboa e ao Porto, em Portugal, para visitar empresas e instituições locais em busca de oportunidades de cooperação. Várias empresas e instituições mostraram interesse e vontade de vir para Macau e Hengqin para conhecer o seu ambiente de investimento e as suas políticas e medidas.
Além disso, em Maio deste ano, realizámos a Conferência Global de Promoção do Investimento, que atraiu a participação, sob o nosso convite, de mais de 80 empresas e instituições estrangeiras, incluindo delegações formadas por oficiais consulares de mais de 30 países e regiões, tais como Alemanha, França, Canadá, Portugal, Singapura, Japão, entre outros.
A iniciativa, que decorreu em Hengqin e em Macau, contou com a presença de mais de 400 representantes da China e do estrangeiro, entre eles estavam também os representantes das empresas de Singapura, Portugal e de outros países, com quem a delegação conjunta de captação de investimentos de Macau–Hengqin se tinha reunido durante as visitas nesses países. Durante a conferência, muitas empresas portuguesas afirmaram que estão a acompanhar as oportunidades de desenvolvimento de Hengqin e que ficaram impressionadas com as infra-estruturas bem desenvolvidas e as boas bases industriais.
Neste momento, estamos em estreito contacto com as câmaras de comércio e as instituições locais dos PLPs que apresentam fortes capacidades e óptimos potenciais, para reforçar a cooperação. O papel destas instituições é recomendar empresas locais qualificadas, para que mais empresas ou projectos dos PLPs se estabeleçam em Hengqin.

– Em que áreas pensa que os PLPs poderão contribuir para o desenvolvimento de Hengqin?

A.L. – Nos últimos anos, temos vindo a receber a visita de delegações de vários países lusófonos, que se mostraram interessados no ambiente de investimento de Hengqin e que procuraram saber, junto de nós, as políticas e os serviços de apoio. Tendo em conta as vantagens dos PLPs, estes podem contribuir para o desenvolvimento de Hengqin em várias áreas.
Os PLPs apresentam capacidade e experiência na investigação, no desenvolvimento e na inovação de ciência e tecnologias, como é o caso da área das tecnologias da informação de Portugal, podem, por isso, desenvolver parcerias com as instituições de investigação científica e as empresas de tecnologia avançada de Hengqin. Estas parcerias irão permitir que mais talentos científicos e tecnológicos dos países lusófonos possam trabalhar em Hengqin, partilhar as suas experiências em inovação tecnológica, promover a inovação tecnológica e reforçar a competitividade de Hengqin na investigação e no desenvolvimento de ciência e tecnologias e na indústria manufactureira topo de gama.
Os PLPs têm também forte interesse e procura pela medicina tradicional chinesa, como o Brasil e Angola. Nós estabelecemos aqui o Parque Científico e Industrial de Medicina Tradicional Chinesa para a Cooperação entre Guangdong–Macau, que é o espaço principal para o desenvolvimento da indústria de medicina tradicional chinesa em Hengqin. As empresas dos PLPs podem cooperar com a indústria de medicina tradicional chinesa de Hengqin para promover conjuntamente não só a modernização da medicina tradicional chinesa, a investigação integrada das medicinas chinesa e ocidental e o desenvolvimento da indústria da saúde, mas sobretudo a concretização da modernização, da internacionalização e da industrialização da medicina tradicional chinesa.

“Atualmente, não há muitas empresas dos PLPs estabelecidas em Hengqin”

Nas indústrias de cultura, turismo, convenções e exposições, e comércio os PLPs têm laços culturais e históricos estreitos com Hengqin e com Macau, pelo que podemos aproveitar e trazer os ricos patrimónios culturais e recursos artísticos dos PLPs, tais como a arte de azulejo de Portugal, a música e a dança do Brasil, entre outros. A introdução destes recursos artísticos pode contribuir para impulsionar o desenvolvimento diversificado da indústria cultural e turística de Hengqin, através da realização de intercâmbios culturais e artísticos, projectos de design e desenvolvimento de produtos culturais e criativos.
Em Março deste ano, organizámos o evento ’Vamos Desfrutar — Mercado com Destaque para os Produtos do Mundo Lusófono e Macau’, que atraiu a presença de cerca de 35.000 participantes, com 65 sessões de bolsas de contacto programadas para grupos de compradores. No futuro iremos continuar a realizar uma série de actividades de promoção do investimento orientadas para os PLPs, bem como actividades de intercâmbio cultural e turístico com características lusófonas, de modo a atrair mais projectos comerciais dos PLPs.

– Segundorevelou um inquérito recente, os estudantes e os profissionais jovens de Macau ainda têm reservas em mudar-se para Hengqin para viver e trabalhar. Que aspectos pensa que devem ser reforçados para que Hengqin se torne mais atractiva?
A.L. – Devemos desenvolver ainda mais a diversificação das indústrias, para proporcionar mais oportunidades de emprego. Em linha com a estratégia de desenvolvimento da diversificação de Macau “1+4”, temos vindo a desenvolver e a promover activamente as quatro principais indústrias de Hengqin, especialmente aquelas relacionadas com Macau, nomeadamente inovação científica e tecnológica, cultura, turismo, convenções e exposições, big health, finanças, entre outras. Este esforço visa não só oferecer mais oportunidades de emprego e uma maior margem de desenvolvimento de carreira, mas também incidir um foco maior no crescimento de talentos, no sentido de atrair o interesse de mais estudantes e profissionais de Macau em desenvolverem-se em Hengqin.
Devemos também melhorar as condições do ambiente comercial e a qualidade de vida. Ao optimizar ainda mais a construção das infra-estruturas públicas, como transporte, serviços de saúde e educação, procuramos proporcionar melhores condições de vida aos estudantes e aos profissionais de Macau. Além disso, devemos assegurar a implementação efectiva das políticas preferenciais de Hengqin, de modo a criar gradualmente um ambiente comercial e de vida que seja semelhante ao de Macau.
Vamos organizar actividades de intercâmbio e oferecer oportunidades de estágio, em colaboração com os departamentos governamentais relevantes de Macau, para aumentar o conhecimento dos estudantes e dos profissionais sobre Hengqin.

– Em Junho deste ano participou na visita da delegação de empresas e instituições de inovação tecnológica de Macau e de Hengqin a Lisboa, Portugal. Pode partilhar connosco os resultados colhidos nesta visita?
A.L. – Nesta visita, realizámos intercâmbios com instituições de ciência e tecnologia, parques industriais e empresas de inovação científica e tecnológica locais, com o objectivo de levar as informações sobre Hengqin e Macau à comunidade local. Estes encontros permitiram que mais empresas portuguesas pudessem conhecer as oportunidades de desenvolvimento em Macau e em Hengqin, contribuindo para que possam explorar mais novas empresas e expandir respectivos recursos industriais.
Realizámos ainda várias actividades de promoção do investimento em Portugal, onde apresentámos detalhadamente o ambiente de investimento e o desenvolvimento industrial de Macau e de Hengqin. Promovemos também a 3.ª Competição Internacional de Inovação e Empreendedorismo em Ciência e Tecnologia (Hengqin) junto das empresas dos PLPs, bem como o “Prémio de Novo Lótus Emergente”, criado especialmente para Macau e os PLPs. Trata-se de um prémio destinado a financiar empresas dos PLPs premiadas e com elevado potencial de desenvolvimento, incentivando assim uma maior participação das empresas lusófonas. Para esta edição da competição, já estão inscritos 18 projectos.
Durante as nossas acções de promoção, com um conhecimento mais profundo das oportunidades de desenvolvimento de Macau e de Hengqin, vários empresários manifestaram a sua expectativa de poder desenvolver novos negócios nas duas regiões.

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