Início EscritoresEditorial Medidas arco-íris

Medidas arco-íris

Guilherme RegoGuilherme Rego*
Guilherme Rego

O Chefe do Executivo anunciou esta semana o levantamento das restrições para a entrada de estrangeiros provenientes de 41 países, nos quais se inclui o Brasil. Desde março de 2020 que era proibida a entrada de estrangeiros em Macau, à exceção de canais especiais feitos também este ano, em abril. Apesar da medida ser das mais relevantes desde a implementação da política de casos zero, é manchada pela origem da decisão e, sobretudo, pela manutenção da quarentena 7+3.

Esta restrição continua a ser um dos grandes entraves à mobilidade e, consequentemente, até pela maneira como as pessoas são tratadas durante este período, mantém a cidade isolada e separada do mundo.

Hoje é mais do que certo que o guião para a reabertura é escrito por Pequim. Macau enfraquece a política “Um País, Dois Sistemas”, ignorando a sua situação económica e as suas gentes. Para acalmar os ânimos, mais pacotes financeiros, cópias dos antigos, e até esses pensos rápidos começam a perder a cola.

Leia também: Macau volta a promover-se na China continental depois de nova crise turística

Cada passo dado no caminho da recuperação económica vem tarde, os números assim o demonstram.

As tendências negativas mantêm-se, as críticas à governação ecoam nas salas da Assembleia sem ganhar corpo. O surto de 18 de junho chegou para reservas têm fundo, mas continua a ser difícil de o ver. Antes disso, continuavam a crescer e só foram utilizadas para garantir os mínimos, não para trazer uma solução, porque essa só é vista na reabertura.

O grande problema está aqui. A reabertura, por si só, não será um retorno automático às receitas de outrora, nem tão pouco vai resolver os problemas sociais e económicos que crescem a cada dia. Pequim não aceita o jogo e já deu passos gigantes nesse sentido. Macau sabe que tem de olhar para outros mercados, mas agora compete com zonas que aproveitam o seu silêncio para se desenvolver e cimentar o seu espaço na indústria.

Leia também: Défice da balança comercial de Macau foi de 3,8 mil milhões de patacas em julho

A aliança público-privado tem de ser criada para, juntos, lançarem o repto: Macau recomenda-se. Difícil é explicar porquê.

Hoje, não só não se recomenda como a relação entre estas entidades deteriora, enquanto o público se escuda numa política que escolheu e que traz consequências diretas e inequívocas para o privado.

Mais, delega-lhe também o grande empreendimento do século: a diversificação económica. Esquece-se, porém, que compreender os erros do passado é garantir o futuro.

*Diretor-Executivo do PLATAFORMA

Contate-nos

Meio de comunicação social generalista, com foco na relação entre os Países de Língua Portuguesa e a China

Plataforma Studio

Newsletter

Subscreva a Newsletter Plataforma para se manter a par de tudo!