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A política do lamaçal

Nelson SilvaNelson Silva*

Estamos próximos do final dos debates na corrida a S. Bento 2022. Os líderes partidários já trocaram galhardetes e ficam apenas a faltar os debates entre todos os partidos. No entanto, apesar de dias e dias de debates, a população está na realidade tão ou menos esclarecida que antes dos mesmos.

Entre gritaria, fotocópias ou juras de amor, estes debates deram para tudo, menos para informar. Roçaram-se vários temas, alguns bastante importantes mas poucos com a profundidade ou o debate de ideias que seria necessário. O que foi mais notório foi a falta de seriedade com se abordou o tema mais premente da nossa geração: as alterações climáticas. De facto, os únicos momentos onde este tema foi debatido foi nos debates no qual o PAN esteve presente, e mais uma vez não com a seriedade suficiente por parte dos outros partidos. O PAN apresentou-se com soluções e visão para a grande emergência das nossas vidas, foi claro e sucinto, mas quando do outro lado da mesa dos debates em vez de serem apresentadas soluções são apresentados argumentos de defesa da lógica economicista do planeta, como ficou notório das palavras de Catarina Martins no debate com o PAN, nota-se que seriedade no debate de temas importantes houve muito pouca. É difícil debater alterações climáticas em período eleitoral, bem sei, porque as soluções que os investigadores fortemente recomendam implicam uma mudança individual no nosso estilo de vida e isso não é popular. Essa menorização por parte dos restantes partidos políticos deste tema é gritante e preocupante, porque conseguimos antever que iremos continuar com políticas de “greenwashing” e de mero simbolismo por parte dos principais partidos. E isso não é o que o país precisa.

De outros temas também se falou, de que é exemplo a saúde e a educação. Entre privatizações do SNS e de denegrir a escola pública, estes debates deram para tudo. Mais uma vez as soluções apresentadas foram muito poucas. As pessoas precisam de se sentir confiantes nos projetos para o país que vão a escrutínio, e para isso precisavam de estar informadas. Depois tivemos debates em que não deram para absolutamente mais nada a não ser insultos, gritaria e apontar de dedos. Sem dúvida que, do meu ponto de vista, estes debates foram do mais grave para a democracia que já vi no nosso país. Ninguém sai esclarecido, ninguém sai beneficiado. É o que acontece quando se deixa transformar debates que deveriam ser sérios em programas do estilo de comentário futebolístico.

Como eleitor português, envergonhou-me ter de assistir a alguns destes debates. É isto o melhor que a política tem a oferecer ao país? Como se quer combater a abstenção e evitar a ascensão de movimentos anti-democráticos no nosso país? De facto, vivemos uma crise política em Portugal mas que vai muito mais além do mero chumbo no Orçamento do Estado.

As ideias devem debater-se de peito aberto mas sempre com respeito pelo contraditório, só nesse debate se consegue dialogar, informar e tornar claras as ideias que cada partido defende. Essa visão é desde sempre um mantra que o PAN tem defendido e demonstrado, a cada debate, a cada entrevista. Talvez um dia Portugal perceba que no nosso país felizmente temos o PAN.

*Deputado português do PAN

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