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País rende homenagem aos mártires da Baixa de Cassange

Os acontecimentos registados um pouco pelos municípios que hoje integram a Baixa de Cassange (Quela, Caombo, Kunda dya Base, Massango e Marimba), com maior incidência na localidade do Teka dya Kinda, no Quela, onde se reuniram mais de duas mil pessoas vindas de todos os cantos do país para manifestar a revolta e dizer basta à exploração colonial portuguesa, ficaram para sempre gravadas na memória colectiva.

Nesse dia de 1961 registou-se o considerado hediondo massacre, protagonizado pelo exército português contra os camponeses, revoltados e decididos em estancar a escravatura. O acto teve um desfecho triste e deixou marcas na história de Angola. Foram mortos homens, mulheres e crianças. Muitos deles, enterrados em valas-comuns. Outros levados para nunca mais voltarem ao convívio das famílias.

Paulo Francisco Mussenje, 88 anos de idade, foi preso e condenado. Permaneceu seis anos na cadeia de São Nicolau e foi posto em liberdade em 1966. “Fizemos a revolta pelo castigo que nos foi imposto. Naquele tempo, ninguém podia dizer nada. Fizemos trabalhos forçados na estrada, outros iam à busca de água para as casas dos portugueses. Outros na recolha da lenha, tudo isto é que esteve na base da revolta”, explica.

Paulo Mussenje conta que no Teka dya Kinda não morreram só naturais daquela localidade. “Veio gente de todas as partes, não só de Malanje. Aqui, não morreu só o povo do Teka dya Kinda. Morreu gente de todo o lado. Eu assisti. Fui preso, encontraram-me no bairro. Na altura já era grandinho. Eu e mais um amigo fomos presos. Fui levado para Moçâmedes, São Nicolau. Só fazíamos trabalho de peixe”, diz.

Lembra-se ainda de nomes de amigos e familiares mortos na repressão. Sofia Kakhanga, Sofia Kimateka, entre outros, foram recordados, além  dos alvejados e os que fugiram para as matas e nunca mais voltaram.

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