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Não há planeta saudável sem um oceano saudável

Filipa Caeiros Rodrigues

A Conferência “Oceano Que Pertence a Todos” debateu esta semana a temática do mar. Juntou online académicos, ativistas ambientais, políticos, militares, líderes e gestores de várias instituições. António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, que lançou um sério alerta sobre o destino trágico dos mares, fez-se representar ao mais alto nível por Peter Thomson.

“Não podemos ter um planeta saudável sem um oceano saudável. Só quem não tem verdadeiramente vergonha é capaz de negar agora a situação difícil em que nos encontramos”, atirou Peter Thomson, enviado especial de António Guterres para os Oceanos, no discurso de encerramento da conferência, na última terça-feira.

O próprio secretário-geral da ONU tem mostrado publicamente, e por diversas vezes, grande preocupação com os oceanos. Nos dias que antecederam a conferência promovida pelo Clube de Lisboa e que contou com a intervenção de cerca de 30 especialistas de 17 nacionalidades, António Guterres lembrou, na rede social Twitter, que “em 2050 poderá haver mais plástico do que peixe no mar”.

Este é um alerta impossível de ignorar. Aliás, ter-se feito representar no evento pelo diplomata Peter Thomson é um importante sinal político do empenho do secretário-geral das Nações Unidas no combate pela preservação dos oceanos.

Para um país como Portugal, cuja história é indissociável do mar e assim se pretende projetar no futuro, é indispensável estar na vanguarda de tudo o que se debate sobre os oceanos.

Nas palavras de diferentes oradores, como o contra-almirante Carlos Ventura Soares, diretor do Instituto Hidrográfico Português, ou Tiago Pitta e Cunha, CEO da Fundação Oceano Azul, Portugal tem de ser um elemento ativo no esforço de cooperação para proteger os oceanos e integrar “a Década das Nações Unidas das Ciências do Oceano para o Desenvolvimento Sustentável 2021-2030” para construir uma plataforma internacional de cooperação para o conhecimento científico, focando-se no espaço atlântico e aproveitando a distribuição geográfica dos países atlânticos da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) para uma estratégia abrangente.

Dias antes, o diretor executivo do Clube de Lisboa explicou que o objetivo da conferência passava por debater alguns dos desafios relativos aos oceanos, dando como exemplo “a invasão de plásticos nas cadeias alimentares e o degelo do Ártico, as implicações da extensão das plataformas continentais, a extração de energias limpas, os inputs para as indústrias biotecnológicas e outras, a insegurança provocada pela pirataria e o tráfico de pessoas e drogas, além das prioridades da investigação e o papel dos ativistas ambientais”. Uma extensa lista de problemas e questões discutidos segunda-feira e terça-feira na capital portuguesa em formato online devido à pandemia que assola o mundo.

A conferência sobre o mar – “Oceano Que Pertence a Todos”, promovida pelo Clube de Lisboa, contou com as parcerias da Fundação Oceano Azul, do Instituto Hidrográfico Português e da Sustainable Oceans Aliance (SOA), além do apoio da Câmara de Lisboa e do Instituto Marquês Valle Flor, a colaboração da Agência Europeia de Segurança Marítima (EMSA) e a cooperação da Embaixada do Japão em Portugal, para a organização de uma iniciativa que foi transmitida via Zoom e YouTube.

O evento arrancou na segunda-feira com as intervenções do embaixador Francisco Seixas da Costa, que preside a associação organizadora da iniciativa, e de Maja Markovcic Kostelac, diretora executiva da EMSA.

Os diversos temas a debate foram distribuídos por seis painéis: a invasão dos plásticos, a extensão das plataformas continentais, as implicações geopolíticas da fusão dos gelos no Ártico, a segurança marítima, a Economia Azul, além das pescas e dos minerais e o futuro dos oceanos. Realizaram-se em formato de conversa, onde a discussão foi aberta à audiência. E contaram com a presença dos ministros do Mar, Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e Defesa.

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